Gordura Muscular e Declínio Cognitivo: Um Estudo Revelador
Um estudo recente publicado na revista Alzheimer’s & Dementia investigou a relação entre a adiposidade no músculo esquelético (miosteatose) e as mudanças cognitivas ao longo de cinco anos em homens e mulheres de meia-idade, de diferentes etnias. A miosteatose, caracterizada pelo acúmulo de gordura dentro do músculo, já é conhecida como um fator de risco para doenças cardiometabólicas, mas seu impacto na função cognitiva tem sido menos explorado.
A pesquisa envolveu uma análise de dados do estudo CARDIA (Coronary Artery Risk Development in Young Adults), que acompanhou um grupo diversificado de participantes ao longo do tempo. Os pesquisadores utilizaram tomografia computadorizada abdominal para avaliar a quantidade de tecido adiposo intramuscular (IMAT) nos participantes. A cognição foi avaliada através de testes padronizados, como o Teste de Substituição de Símbolos por Dígitos (DSST), o Teste de Aprendizagem Verbal Auditiva de Rey (RAVLT) e o Teste de Stroop, realizados no início do estudo e após um acompanhamento de cinco anos. Os resultados mostraram que um maior acúmulo de IMAT estava associado a um declínio mais acentuado no DSST, um teste que avalia a velocidade psicomotora.
Curiosamente, essa associação entre miosteatose e declínio cognitivo pareceu ser mais pronunciada entre os participantes brancos. O estudo sugere que a adiposidade muscular pode ser um fator de risco para o declínio da velocidade de processamento cognitivo, especialmente em indivíduos brancos de meia-idade. Esses achados destacam a necessidade de estratégias de prevenção direcionadas, que considerem a etnia e outros fatores de risco individuais. Além disso, ressalta a importância de mais estudos longitudinais para confirmar e expandir esses resultados, investigando os mecanismos subjacentes a essa relação e explorando possíveis intervenções para mitigar o impacto da miosteatose na saúde cognitiva. A tomografia computadorizada abdominal, nesse contexto, pode se mostrar uma ferramenta útil para identificar adultos de meia-idade com risco de demência, permitindo intervenções precoces.
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