Atenção Visual e Autismo: Desvendando o Processamento Cerebral com EEG
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) frequentemente apresenta desafios relacionados à atenção e à regulação emocional. Um estudo recente investigou a fundo a atenção visual em crianças com TEA, utilizando eletroencefalograma (EEG) para analisar a atividade cerebral durante tarefas de rastreamento de múltiplos objetos (MOT). Tradicionalmente, essas tarefas avaliam a atenção com base em respostas comportamentais, negligenciando as medidas fisiológicas que o EEG pode oferecer. A pesquisa buscou preencher essa lacuna, explorando a interação entre cognição e emoção durante a execução das tarefas MOT.
A pesquisa envolveu a análise de dados de EEG de 31 crianças com TEA e 31 crianças com desenvolvimento típico. Os participantes realizaram três tarefas distintas: visualização de imagens neutras (IPAS), rastreamento de 4 discos (MOT4) e rastreamento de 8 discos (MOT8). Essas tarefas representavam níveis crescentes de carga atencional. Simultaneamente, os participantes ouviam prosódias (variações na entonação da voz) expressando felicidade e tristeza. Os pesquisadores mediram a Razão Theta/Alpha (TAR), um indicador da carga cognitiva, e extraíram cinco características do EEG: TAR médio em todos os canais (allTAR) e valores de TAR nas regiões frontal (fTAR), temporal (tTAR), parietal (pTAR) e central (cTAR).
Os resultados revelaram interações significativas entre o nível de atenção e a prosódia emocional na região temporal do cérebro (tTAR). As regiões frontal (fTAR) e central (cTAR) mostraram efeitos significativos do nível de atenção, mas sem interação com a emoção. Surpreendentemente, o grupo com TEA apresentou valores mais elevados de TAR em todas as regiões cerebrais avaliadas em comparação com o grupo de desenvolvimento típico. Além disso, as correlações entre as medidas de EEG e as avaliações clínicas foram mais fortes no grupo com TEA durante a tarefa MOT4. Estes achados confirmam déficits de atenção visual em indivíduos com TEA e evidenciam a complexa interação entre emoção e cognição, sugerindo que a Razão Theta/Alpha (TAR) pode ser um biomarcador promissor para avaliar a carga cognitiva e a modulação emocional no TEA. Essas descobertas podem levar a intervenções mais direcionadas para melhorar a atenção e a regulação emocional em crianças com TEA.
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