Descoberta promissora: Agonismo mGluR5 reverte hiperconectividade neuronal em modelos de autismo
Um estudo recente, publicado na revista Stem Cell Reports, investigou as causas e possíveis tratamentos para a hiperconectividade neuronal observada em distúrbios do neurodesenvolvimento, como o autismo. A pesquisa focou em variantes do gene SHANK2, conhecido por estar associado a essas condições, utilizando neurônios derivados de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSC) humanas e matrizes de multielectrodos para analisar a atividade das redes neurais.
Os cientistas compararam pares isogênicos de linhagens celulares SHANK2 e descobriram que as redes neurais com mutações nesse gene apresentavam um fenótipo de hiperconectividade, caracterizado por um aumento significativo na frequência e uma redução na duração dos eventos de explosão de atividade (bursts) em comparação com os controles. Essa atividade hipersíncrona, com correlações funcionais mais fortes entre os canais de registro, sugere que as mutações no SHANK2 levam a uma comunicação neuronal excessiva e desregulada.
Surpreendentemente, o tratamento com o agonista mGluR5, (S)-3,5-di-hidroxifenilglicina (DHPG), demonstrou reverter completamente a hipersincronia nas redes SHANK2, restaurando a detecção de super bursts reverberatórios (RSBs) – padrões de atividade importantes para o processamento da informação – e melhorando a frequência e a duração dos bursts. Esses resultados apontam para o potencial de modular a neurotransmissão glutamatérgica como uma estratégia terapêutica para corrigir as disfunções sinápticas associadas a variantes do SHANK2 e, possivelmente, outros distúrbios do neurodesenvolvimento caracterizados por hiperconectividade neuronal. Essa descoberta abre novas avenidas para o desenvolvimento de intervenções farmacológicas mais eficazes e direcionadas para o tratamento do autismo e condições relacionadas.
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