Autismo e Processamento Sensorial: Desvendando as Alterações Neurofisiológicas
O autismo está frequentemente associado a alterações no processamento sensorial, impactando a forma como indivíduos percebem e interagem com o mundo ao seu redor. Uma pesquisa recente, através de uma meta-análise abrangente, buscou identificar as bases neurofisiológicas dessas alterações, analisando a atividade cerebral de pessoas com e sem autismo durante o processamento de estímulos sensoriais.
O estudo, publicado no European Child & Adolescent Psychiatry, analisou 145 estudos preexistentes, envolvendo mais de 7.000 participantes. Os pesquisadores focaram em potenciais evocados relacionados a eventos (ERPs) e campos relacionados a eventos (ERFs), que são medidas da atividade elétrica e magnética do cérebro em resposta a estímulos. A análise revelou que indivíduos com autismo demonstraram latências significativamente mais longas em vários componentes ERP/ERF iniciais, como P/M50, P/M100, N170 e P/M200. Essas alterações indicam um tempo de resposta diferente no cérebro autista durante o processamento sensorial inicial.
Particularmente, a latência do componente P/M50, associado à filtragem sensorial, mostrou-se mais prolongada em indivíduos com dificuldades de linguagem. O componente N170, relacionado à percepção social, exibiu maior alteração em adolescentes e adultos com autismo. Embora o estudo não tenha encontrado alterações significativas na amplitude dos componentes, a identificação dessas diferenças de latência sugere que o autismo pode envolver múltiplas etapas e mecanismos de processamento sensorial distintos. Os resultados apontam para o potencial desses componentes como biomarcadores, apesar da heterogeneidade observada, ressaltando a necessidade de mais pesquisas para aplicações clínicas.
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