Saúde Desvendada

A compreensão do autismo tem evoluído significativamente, passando de uma perspectiva biomédica para uma abordagem focada na neurodiversidade. Essa mudança reflete uma nova maneira de encarar o bem-estar de pessoas autistas, reconhecendo suas capacidades e potenciais únicos. Um estudo qualitativo recente, realizado na Holanda, explorou as capacidades de jovens adultos autistas, utilizando a Abordagem da Capacidade (AC) como estrutura teórica.

A pesquisa teve como objetivo identificar as capacidades desses jovens e os aspectos importantes na conversão de recursos – pessoais, sociais e ambientais – para a realização de atividades e estados de ser valiosos. Foram entrevistados 14 jovens autistas com problemas de saúde mental, juntamente com uma pessoa importante escolhida por eles. As entrevistas, semiestruturadas, foram guiadas pelos conceitos centrais da AC. A análise temática revelou oito temas de capacidade principais: autonomia, conexão humana, paz de espírito, desenvolvimento pessoal, saúde, prazer, trabalho e educação, e sentido na vida.

Entre as capacidades específicas identificadas, destacam-se a liberdade de sobrecarga sensorial, a participação em interesses específicos, a compreensão por parte dos outros e o acesso a cuidados amigáveis ao autismo. As condições prévias para a realização dessas capacidades estão relacionadas à interação entre ser autista e as condições sociais, como sentir-se incompreendido ou ser vítima de bullying, mas também às condições de vida e aos recursos disponíveis, como insegurança e pobreza. O estudo conclui que a AC e as capacidades identificadas oferecem um referencial valioso para discutir o bem-estar, as capacidades individuais e o processo de conversão com jovens autistas e seus entes queridos, promovendo uma abordagem mais inclusiva e centrada na pessoa no campo da Saude mental e do desenvolvimento humano.

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