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A combinação de infecções pelo vírus do Nilo Ocidental (VNO) e pelo SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19, é considerada rara, especialmente em pacientes com comorbidades preexistentes. Um estudo recente relata um caso peculiar de coinfecção em uma mulher de 57 anos com histórico de doença renal crônica em estágio terminal, submetida à hemodiálise crônica, e hipertensão arterial.

A paciente foi internada com um quadro de febre, cefaleia, vômitos, lentidão psicomotora, tremores e diarreia com duração de cinco dias. Exames laboratoriais revelaram leucocitose neutrofílica, anemia, níveis elevados de proteína C-reativa e creatinina sérica, juntamente com hipercalemia. O exame neurológico evidenciou rigidez na nuca, confusão mental com afasia motora, fala lenta (bradilalia), lentidão do pensamento (bradipsiquia), hiperreflexia generalizada, tremor difuso e marcha instável. Uma tomografia computadorizada do cérebro identificou um meningioma temporolateral calcificado. A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) revelou pleocitose com predomínio de linfócitos, níveis elevados de proteína e glicose reduzida em relação à glicemia sérica. Inicialmente, o teste de PCR em tempo real para detecção de patógenos comuns no LCR foi negativo.

No segundo dia de internação, a paciente testou positivo para COVID-19 e iniciou tratamento com remdesivir, ceftriaxona, dexametasona e clexane, além de sessões regulares de hemodiálise. Somente no oitavo dia de internação, com base em resultados sorológicos positivos e detecção de anticorpos IgM no LCR, foi confirmado o diagnóstico de encefalite pelo vírus do Nilo Ocidental. Após 15 dias de hospitalização, a paciente recebeu alta em boas condições clínicas, apresentando apenas um leve tremor nos membros. Este caso destaca a importância de considerar a possibilidade de coinfecções, mesmo em situações onde a apresentação inicial sugere uma única etiologia, especialmente em pacientes com fatores de risco e durante surtos epidemiológicos de diferentes agentes infecciosos. A raridade da coinfecção torna o prognóstico imprevisível, reforçando a necessidade de vigilância e diagnóstico preciso para otimizar o manejo clínico.

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