Descoberta Genética Elucida a Ligação entre Autismo e Transmissão Sináptica
Um estudo recente publicado na revista Molecular Psychiatry lança luz sobre uma possível conexão entre variantes genéticas e o desenvolvimento de transtornos do espectro autista (TEA). A pesquisa identificou variações raras no gene ARHGEF9, localizado no cromossomo X, em indivíduos do sexo masculino diagnosticados com TEA. Este gene é responsável pela produção da collybistin (Cb), uma proteína crucial para o funcionamento adequado das sinapses inibitórias no cérebro.
As análises funcionais das variantes genéticas encontradas revelaram que algumas delas promovem o agrupamento anormal da gephyrin, outra proteína essencial para a formação e estabilização das sinapses inibitórias. Além disso, a pesquisa demonstrou que essas variantes podem reduzir a densidade das sinapses inibitórias em neurônios do hipocampo cultivados em laboratório, afetando a comunicação entre as células cerebrais. Estudos eletrofisiológicos confirmaram que certas combinações dessas variantes genéticas prejudicam a transmissão sináptica inibitória.
Para investigar o impacto da deficiência de collybistin no cérebro, os pesquisadores utilizaram modelos de camundongos com a proteína desativada no córtex pré-frontal medial (mPFC). Observou-se que esses animais apresentavam alterações na densidade e transmissão das sinapses inibitórias nessa região do cérebro. Surpreendentemente, também foi detectada uma redução nos níveis de fosforilação da gephyrin, indicando um desequilíbrio na atividade sináptica. Além disso, os camundongos com deficiência de collybistin no mPFC apresentaram dificuldades na comunicação ultrassônica, um comportamento social importante em roedores. Esses resultados sugerem que as variantes no gene ARHGEF9 podem contribuir para o desenvolvimento de TEA ao afetar a função das sinapses inibitórias e a comunicação social, possivelmente através da alteração da fosforilação da gephyrin.
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