Autismo e Epilepsia no Contexto da Medicina: Um Relato de Adaptação e Neurodiversidade
A coexistência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e da epilepsia é um fenômeno conhecido na literatura médica. No entanto, relatos em primeira pessoa, especialmente vindos de profissionais da saúde, são raros. Um estudo recente preenche essa lacuna ao apresentar o caso de um médico de 28 anos, recém-formado, diagnosticado com TEA nível 1 e epilepsia do lobo temporal (ELT) estrutural, além de transtorno de ansiedade generalizada e depressão maior.
O caso demonstra como a combinação de TEA e ELT pode criar um perfil neurobiológico singular. O médico em questão apresentava hipersensibilidade sensorial acentuada e um limiar convulsivo mais baixo, resultando em crises discognitivas e generalizadas, frequentemente desencadeadas por sobrecarga sensorial ou social. O manejo de sua condição exigiu uma abordagem multidisciplinar coordenada, envolvendo o uso de medicamentos antiepilépticos e psicotrópicos. A experiência deste profissional destaca a importância de compreender as interações complexas entre diferentes condições neurológicas e de saúde mental.
Um aspecto crucial do relato é a descrição das estratégias de adaptação funcional desenvolvidas pelo médico. Ele traduziu as demandas típicas do ambiente médico para um modelo operacional neurodivergente, permitindo que ele superasse os desafios da educação médica. Este caso demonstra que o sucesso profissional é possível para indivíduos com comorbidades neurodesenvolvimentais complexas. Além disso, defende uma mudança de paradigma na medicina e na academia em direção à neuroinclusão genuína, que vá além da simples acomodação e promova ambientes que valorizem verdadeiramente a diversidade neurológica. A história inspira a repensar as abordagens tradicionais e a promover a inclusão de talentos diversos na área da saúde e em outras profissões.
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