A Percepção do Riso Infantil e Suas Implicações Sociais
Desde a mais tenra idade, o riso desempenha um papel fundamental na promoção de interações sociais positivas. Contudo, a complexidade do riso reside no fato de que ele também pode expressar desprezo e outras emoções negativas. Adultos são capazes de distinguir entre o riso amigável e o riso zombeteiro, ajustando seu comportamento social com base em sua interpretação das intenções do emissor. Essa habilidade de decodificar o riso está intrinsecamente ligada ao funcionamento social mais amplo, tornando crucial compreender como ela se desenvolve em crianças pequenas, que estão nos estágios iniciais da formação de laços sociais essenciais.
Um estudo recente investigou a capacidade de crianças de 3, 4 e 5 anos de idade em identificar diferentes tipos de riso e como isso se relaciona com suas características comportamentais. As crianças foram expostas a gravações de riso que variavam em sua conotação, transmitindo tanto afiliação (riso amigável) quanto dominância (riso maldoso). Os resultados revelaram que as crianças conseguiam distinguir entre os diferentes tipos de riso e eram particularmente precisas na identificação do riso maldoso. Além disso, a precisão na identificação do riso aumentava com a idade, demonstrando um desenvolvimento gradual dessa habilidade ao longo da infância.
As crianças também expressaram uma clara preferência por brincar com indivíduos que emitiam riso amigável, em contraste com aqueles que emitiam riso maldoso, uma distinção que se tornou mais nítida com o avanço da idade. Curiosamente, o estudo observou que crianças com traços de comportamento callous-unemotional (CU), caracterizados pela falta de empatia e remorso, apresentavam menor precisão na identificação do riso maldoso. No entanto, não houve diferença significativa relacionada aos traços CU na identificação do riso amigável, e esses traços não pareciam influenciar a preferência social das crianças. Esses achados pioneiros fornecem evidências da capacidade das crianças de detectar e ajustar seu comportamento com base nos sinais comunicativos transmitidos pelo riso, o que pode ter implicações importantes para crianças com dificuldades nas interações sociais e na formação de vínculos afetivos.
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