Saúde Desvendada

O lítio é um medicamento amplamente utilizado no tratamento de transtornos bipolares, reconhecido por sua eficácia na estabilização do humor. No entanto, seu impacto nas funções cognitivas tem sido objeto de debate e pesquisa contínua. Uma revisão sistemática recente se propôs a analisar como o lítio afeta a cognição, comparando o desempenho cognitivo antes e depois do início do tratamento com este medicamento.

A revisão analisou 30 estudos envolvendo 727 participantes, com uma predominância de mulheres (aproximadamente 54%) e uma média de idade de 50 anos. Os estudos avaliados apresentaram uma heterogeneidade significativa nas áreas cognitivas investigadas, incluindo a cognição global, memória, velocidade de processamento e psicomotricidade, atenção, fluência verbal e função executiva. As populações estudadas variaram desde indivíduos com transtornos afetivos até aqueles com distúrbios neurocognitivos e indivíduos saudáveis. Alguns estudos apontaram para melhorias cognitivas, especialmente em pacientes com transtornos afetivos, enquanto outros relataram declínios ou resultados mistos, tornando a interpretação dos dados um desafio complexo.

As conclusões da revisão destacam a dificuldade em determinar os efeitos cognitivos isolados do lítio. A influência de fatores como o estado afetivo, a heterogeneidade das populações estudadas e as diferenças metodológicas entre os estudos contribuem para essa incerteza. Os pesquisadores enfatizam a necessidade de estudos adicionais, com amostras maiores e ensaios clínicos randomizados em diversas populações, para determinar de forma mais conclusiva os impactos cognitivos da terapia com lítio. No entanto, ressaltam que a prioridade no tratamento com lítio deve permanecer a resolução dos sintomas principais dos transtornos para os quais é prescrito. Portanto, embora o lítio possa ter efeitos na cognição, a pesquisa ainda está em andamento para entender completamente esses efeitos e otimizar o uso do medicamento.

Origem: Link