Música e Autismo: Existe uma Ligação?
Um estudo recente investigou a possível relação entre o ouvido absoluto (capacidade de identificar a nota musical sem referência externa) e traços autísticos. A pesquisa buscou esclarecer se indivíduos com ouvido absoluto apresentam características associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) de forma mais acentuada do que a população em geral.
O método inovador do estudo utilizou um controle deslizante (slider) contínuo para medir traços autísticos, permitindo identificar variações sutis que escalas discretas tradicionais (com opções de resposta limitadas) podem não captar. Os pesquisadores compararam as respostas obtidas com o slider a medições feitas com escalas discretas em um grupo de 120 participantes, incluindo músicos e não músicos com diferentes níveis de proficiência em ouvido absoluto. A coleta de dados ocorreu entre julho de 2023 e abril de 2024, e os participantes indicaram seu grau de concordância com as afirmações do Quociente do Espectro Autista (AQ) de duas maneiras: escolhendo entre quatro opções fixas e ajustando um controle deslizante visualmente ao longo de um continuum de 0 a 100%.
Os resultados indicaram uma correlação significativa entre as medidas de traços autísticos obtidas com o slider e as medidas convencionais, validando a eficácia do novo método. Músicos com ouvido absoluto apresentaram escores mais altos em traços autísticos, principalmente nas áreas de comunicação e interação social, quando avaliados com o slider contínuo. Curiosamente, a ferramenta identificou um traço autístico elevado na subescala de imaginação do AQ em músicos com ouvido absoluto, o que não foi detectado pelas escalas discretas. Além disso, entre as habilidades cognitivas avaliadas, apenas as relacionadas ao reconhecimento de notas musicais se mostraram preditivas de traços autísticos em músicos com ouvido absoluto. Esses achados sugerem uma possível sobreposição entre as habilidades musicais e certos aspectos do funcionamento cerebral em indivíduos com TEA. A pesquisa enfatiza a importância de validar escalas de medição contínuas para uma melhor compreensão da coexistência de características humanas específicas, como a aptidão musical e traços do espectro autista.
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