Autismo e Transtorno de Personalidade Limítrofe: Desafios no Atendimento em Saúde Mental
A coexistência de autismo e Transtorno de Personalidade Limítrofe (BPD) em indivíduos tem se mostrado um desafio crescente nos serviços de saúde mental, especialmente em ambientes de internação. Um estudo recente explorou as experiências de pessoas com ambos os diagnósticos ao acessarem esses serviços, revelando a necessidade urgente de abordagens de cuidado mais personalizadas e adaptadas.
A pesquisa, baseada em entrevistas com participantes, identificou temas cruciais como a sensação de não serem compreendidos em sua totalidade, uma intensa necessidade de cuidado e conexão, e a percepção de que o sistema de saúde muitas vezes prioriza suas próprias necessidades em detrimento das necessidades individuais. Os participantes relataram dificuldades como estigma, falta de compreensão por parte dos profissionais e ausência de adaptações adequadas para suas necessidades específicas como autistas. A interseção entre autismo e BPD pode aumentar o risco de ideação suicida e comportamentos de auto-lesão, tornando o atendimento ainda mais complexo e delicado.
As conclusões do estudo enfatizam a importância de um cuidado personalizado que integre ambos os diagnósticos na identidade do indivíduo. Para que isso seja possível, é fundamental que os profissionais que atuam em enfermarias psiquiátricas recebam o suporte adequado, incluindo espaços de reflexão e supervisão clínica. Além disso, os sistemas de internação precisam passar por uma transformação, priorizando as necessidades individuais e implementando adaptações específicas para pessoas com autismo, como ambientes sensoriais adequados, comunicação clara e previsível e rotinas estruturadas. A mudança de foco, do sistema para o indivíduo, é crucial para garantir um atendimento mais humano e eficaz para essa população vulnerável.
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