Conexões Cerebrais e Distúrbios Psiquiátricos: Uma Nova Perspectiva
Pesquisadores identificaram relações causais entre a estrutura do conectoma cerebral (a rede de conexões do cérebro) e o risco de desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos. Através de uma análise de randomização mendeliana, o estudo revelou que variações na conectividade cerebral podem influenciar a suscetibilidade a diversas condições, abrindo novas portas para a compreensão e o tratamento dessas doenças.
O estudo analisou dados de mais de 26 mil participantes, investigando a conectividade da substância branca do cérebro e sua relação com 13 distúrbios psiquiátricos distintos. Os resultados mostraram que a conectividade entre certas regiões cerebrais pode estar associada a um risco aumentado ou diminuído de desenvolver transtornos como autismo, anorexia nervosa e dependência de cannabis. Por exemplo, uma maior conectividade entre a rede de controle frontoparietal do hemisfério esquerdo e a rede de modo padrão do hemisfério direito foi associada a um menor risco de autismo. Já uma conectividade elevada entre a rede de controle frontoparietal do hemisfério direito e o hipocampo foi associada a um menor risco de anorexia nervosa e dependência de cannabis.
Além disso, a pesquisa também identificou relações causais inversas, ou seja, como o risco de certos distúrbios psiquiátricos pode afetar a conectividade cerebral. Por exemplo, a suscetibilidade à anorexia nervosa foi associada a uma diminuição da conectividade entre a rede visual do hemisfério esquerdo e o globo pálido. Esses achados sugerem que as alterações na estrutura do conectoma cerebral podem ser tanto causa quanto consequência de distúrbios psiquiátricos, ressaltando a complexidade da relação entre o cérebro e a saúde mental. A identificação dessas relações causais oferece novas perspectivas para o desenvolvimento de biomarcadores para a detecção precoce e prevenção de doenças mentais, além de abrir caminho para terapias mais direcionadas e eficazes.
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