Desenvolvimento Neurológico em Crianças com Cardiopatia Univentricular: Um Estudo de Longo Prazo
Crianças com cardiopatia univentricular, uma condição congênita grave, frequentemente apresentam um desenvolvimento neurológico atrasado. Um estudo recente investigou os resultados neurodesenvolvimentais a longo prazo em crianças que foram submetidas à operação de Norwood, um procedimento complexo realizado em recém-nascidos com essa condição. O objetivo era avaliar se a estratégia de perfusão cerebral utilizada durante a cirurgia – perfusão cerebral regional ou parada circulatória hipotérmica profunda – influenciava o desenvolvimento neurológico dessas crianças em idade escolar.
O estudo acompanhou pacientes que participaram de um ensaio clínico randomizado prospectivo. As avaliações neurodesenvolvimentais foram realizadas aos 5 e 10 anos de idade. Aos 5 anos, uma avaliação neuropsicológica abrangente foi realizada para medir diversas habilidades cognitivas e motoras. Aos 10 anos, foram utilizados questionários respondidos pelos pais para avaliar o comportamento e as funções executivas das crianças. Os resultados revelaram que não houve diferenças significativas nos escores de desenvolvimento neurológico entre os grupos submetidos às diferentes estratégias de perfusão cerebral, tanto aos 5 quanto aos 10 anos de idade.
Embora o tipo de perfusão cerebral não tenha impactado os resultados, o estudo confirmou que o neurodesenvolvimento é, de fato, mais lento em crianças com cardiopatia univentricular. É importante ressaltar que o estudo identificou uma correlação significativa entre os índices de desenvolvimento mental e psicomotor avaliados com um ano de idade e o quociente de inteligência (QI) em escala completa aos 5 anos. Isso sugere que as medidas de desenvolvimento precoces podem ser preditivas do desenvolvimento cognitivo posterior, o que pode ser útil para identificar crianças que necessitam de intervenção precoce e acompanhamento especializado. O estudo reforça a importância do acompanhamento neurodesenvolvimental a longo prazo em crianças com cardiopatia univentricular, independentemente da estratégia de perfusão cerebral utilizada durante a cirurgia de Norwood.
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