Seletividade Alimentar em Crianças: Impacto do Autismo, Sensorialidade e Hábitos Parentais
A seletividade alimentar é um desafio comum na infância, mas se intensifica em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um estudo recente investigou as complexas interconexões entre a seletividade alimentar, a sensibilidade sensorial, os sintomas gastrointestinais e as práticas parentais na alimentação, tanto em crianças com TEA quanto em crianças com desenvolvimento típico.
A pesquisa envolveu 408 crianças, com idades entre 3 e 12 anos, divididas em grupos pareados por gênero. Os pais responderam a questionários detalhados sobre a dieta dos filhos, medidas antropométricas, sintomas gastrointestinais, comportamentos alimentares relacionados ao autismo, perfil sensorial e estilo de alimentação dos cuidadores. Os resultados revelaram que crianças com TEA apresentam maiores dificuldades no processamento sensorial, maior recusa alimentar e uma variedade alimentar mais limitada em comparação com seus pares com desenvolvimento típico. Além disso, os cuidadores de crianças com TEA relataram práticas alimentares mais controladoras e de gerenciamento de contingência.
Uma correlação significativa foi encontrada entre as sensibilidades sensoriais e os problemas de alimentação. Curiosamente, o Índice de Massa Corporal (IMC) não apresentou associação significativa com a restrição alimentar ou sintomas gastrointestinais. Através de uma análise de cluster, foi possível identificar um subgrupo de alto risco em ambos os grupos de crianças, caracterizado por alta seletividade alimentar, sensibilidade ao paladar, tato e olfato, sintomas gastrointestinais e práticas parentais excessivamente ativas. A identificação precoce desse subgrupo pode facilitar uma avaliação e intervenção clínica mais eficazes, multidisciplinares e personalizadas.
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