A Incapacidade de Permanecer Vivo: Uma Análise Psicanalítica do Filme ‘Os Dias que Não Existo’
O filme ‘Os Dias Que Não Existo’ (2002), de Jean-Charles Fitoussi, apresenta um intrigante experimento mental: a vida de um homem que desaparece a cada dois dias, reaparecendo no mesmo local 24 horas depois. Um estudo recente explora esse fenômeno sob uma perspectiva psicanalítica, interpretando a condição do protagonista como uma manifestação da incapacidade de metabolizar emoções, pensamentos e memórias.
A análise sugere que os desaparecimentos recorrentes do personagem central refletem uma psique fragilizada, constantemente ameaçada de dissolução. Essa instabilidade psíquica estaria ligada à dificuldade em processar e integrar experiências internas, levando a uma contínua ‘evacuação’ e, em última instância, à perda dessas vivências. A sensação de estar vivo, portanto, torna-se precária e intermitente.
Entretanto, o estudo aponta uma possível via de transformação para essa condição. O surgimento do amor na vida do protagonista introduz a esperança de que um relacionamento humano possa facilitar a integração das partes representadas e não representadas de sua mente. A conexão com o outro se torna um catalisador potencial para a cura e a estabilização da psique, oferecendo a possibilidade de construir uma existência mais plena e contínua. O filme, portanto, oferece uma rica metáfora sobre os desafios de saúde mental relacionados à incapacidade de processar traumas e emoções, e a importância das relações interpessoais no processo de recuperação.
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