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O sistema complemento, um componente crucial do sistema imunológico inato, desempenha um papel fundamental na vigilância imunológica e, surpreendentemente, também no desenvolvimento cerebral. Pesquisas recentes têm demonstrado a sua influência em distúrbios neurodegenerativos e neuropsiquiátricos. No entanto, os mecanismos precisos pelos quais o sistema complemento contribui para os transtornos do neurodesenvolvimento (TNDs) permanecem um desafio científico.

Um estudo recente investigou a ligação entre o sistema complemento e o transtorno de hiperatividade, usando um modelo de camundongo com deleção 16p11.2, uma variação genética comum associada a TNDs como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiência intelectual. Os pesquisadores descobriram que a expressão do componente 3 do complemento (C3), um regulador central da cascata do complemento, estava elevada no estriato desses camundongos. O estriato é uma região do cérebro associada ao controle motor e comportamentos relacionados à motivação e recompensa, e a sua disfunção pode contribuir para a hiperatividade observada em TNDs.

Curiosamente, a inibição farmacológica do receptor C3a, que é ativado pelo C3, atenuou a hiperatividade nos camundongos com deleção 16p11.2. Isso sugere que a elevação do sistema complemento contribui para as alterações comportamentais relevantes para os TNDs. Além disso, a análise do ambiente de citocinas no estriato revelou um aumento de fatores inflamatórios nesses camundongos. Esses resultados indicam que o aumento da expressão do sistema complemento, especialmente o C3, está relacionado ao comportamento hiperativo e a um ambiente pró-inflamatório no estriato. Essa descoberta abre portas para novas estratégias terapêuticas, como a inibição do sistema complemento superativo, para aliviar os sintomas de TNDs resultantes da deleção 16p11.2, incluindo aqueles associados ao TDAH. É importante ressaltar que esses resultados são preliminares e obtidos em modelos animais, sendo necessário cautela na extrapolação direta para humanos. No entanto, eles oferecem uma nova e promissora via de investigação para o tratamento de TNDs. Mais estudos são necessários para validar esses achados em humanos e determinar a segurança e eficácia da inibição do sistema complemento como terapia para TNDs.

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