Força e Cérebro: Como o Treino Modifica a Conexão Nervosa nos Braços
Ganhar força não é apenas uma questão de músculos maiores. Um estudo recente investigou como o treinamento de força e a subsequente falta de treino (destreinamento) afetam a comunicação entre o cérebro e os músculos dos braços. Essa comunicação, conhecida como modulação do impulso corticospinal, desempenha um papel crucial nas adaptações neurais que impulsionam os ganhos de força, especialmente no início do processo de treinamento.
O estudo envolveu jovens adultos saudáveis que não tinham experiência prévia com treinamento de força. Durante quatro semanas, eles realizaram exercícios unilaterais de rosca direta com halteres, utilizando uma carga entre 60% e 80% da sua capacidade máxima de repetição (1-RM). Em seguida, passaram por um período de destreinamento de quatro semanas. A excitabilidade e a inibição corticospinal foram avaliadas por meio da estimulação magnética transcraniana (TMS) em diferentes intensidades. Os resultados mostraram que o treinamento de força levou a melhorias significativas na capacidade de 1-RM tanto nos músculos agonistas (bíceps braquial) quanto nos antagonistas (tríceps braquial). Curiosamente, mesmo durante o período de destreinamento, uma parte desses ganhos de força foi mantida.
As análises revelaram que o treinamento de força promoveu um aumento seletivo no potencial evocado motor (MEP) no músculo agonista, indicando maior excitabilidade. Ao mesmo tempo, houve uma diminuição marcante na supressão cortical (cSP) também no músculo agonista. Apesar dessas mudanças neurais, não foram encontradas correlações significativas entre as alterações na força e as adaptações neurais observadas. Além disso, o estudo registrou aumentos transitórios na co-ativação muscular e na circunferência do braço durante o período de treinamento. Em resumo, este estudo demonstra que o treinamento de força e o destreinamento modulam as respostas corticospinais nos músculos agonistas e antagonistas, realçando o seu papel na aquisição e perda de força. Essas adaptações neurais fornecem informações valiosas sobre os mecanismos subjacentes às alterações na força durante o treinamento e o destreinamento, mostrando a complexa interação entre o cérebro e os músculos quando se trata de desenvolvimento de força.
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