Morfologia Cerebral e Transtornos do Neurodesenvolvimento: Um Estudo de Replicabilidade
A pesquisa em neurodesenvolvimento enfrenta desafios complexos devido à heterogeneidade dentro de cada diagnóstico e à sobreposição entre diferentes transtornos. Um estudo recente publicado na Translational Psychiatry investigou a replicabilidade da estrutura de agrupamento em medidas da morfologia cerebral em crianças neurodiversas, abrangendo autismo, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
O objetivo principal foi verificar se os padrões de organização do cérebro, identificados em um grupo de crianças, se repetiam em outro grupo independente. Para isso, os pesquisadores analisaram dados de dois conjuntos de dados distintos: a Rede de Distúrbios do Neurodesenvolvimento da Província de Ontário (POND) e a Rede de Cérebro Saudável (HBN). As análises envolveram medidas de volume cortical, área de superfície, espessura cortical e volume subcortical, obtidas por meio de ressonância magnética estrutural. As crianças participantes tinham entre 5 e 19 anos de idade e apresentavam diagnósticos de autismo, TDAH, TOC ou eram consideradas neurotípicas.
Os resultados revelaram correlações significativas entre os conjuntos de dados em grande parte dos componentes principais derivados das medidas cerebrais. Uma estrutura de dois agrupamentos foi replicada em ambos os conjuntos de dados, nas medidas cerebrais e nas amostras de ambos os sexos. No entanto, a composição dos participantes dentro dos agrupamentos foi consistente apenas entre volume cortical e área de superfície, e entre espessura cortical e volume subcortical. É importante notar que os agrupamentos baseados em dados não se alinharam com os rótulos de diagnóstico. As associações entre cérebro e comportamento foram replicadas apenas para subconjuntos masculinos e volume subcortical, utilizando análise multivariada. Em suma, o estudo demonstrou evidências de replicabilidade na estrutura de agrupamento em dois conjuntos de dados independentes. Os autores destacam a necessidade de cautela ao integrar múltiplas medidas no agrupamento e na interpretação das associações entre cérebro e comportamento.
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