Autismo e Percepção Visual: Como a Visão Influencia a Participação de Crianças em Atividades Diárias
A percepção visual desempenha um papel fundamental na vida diária de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), influenciando sua capacidade de participar ativamente em diversas atividades. Um estudo recente investigou a relação entre as habilidades de percepção visual e os níveis de participação dessas crianças, buscando entender como essa conexão pode auxiliar no desenvolvimento de intervenções mais eficazes.
A pesquisa, publicada na revista PLoS One, avaliou a percepção visual e os níveis de participação de 61 crianças com TEA, com idade média de 8,21 anos. Os pesquisadores utilizaram o Teste de Percepção Visual Livre de Motor – 4 (MVPT-4) para avaliar a percepção visual e a Escala de Participação da Criança e do Adolescente (CASP) para medir os níveis de participação em diferentes ambientes, como casa, escola, vizinhança e comunidade. Os resultados indicaram que a percepção visual está fortemente associada aos níveis de participação, respondendo por 55,8% da variação nos escores totais do CASP. Além disso, foi observada uma correlação positiva significativa entre a percepção visual e a participação em atividades em casa, na escola e na comunidade, sugerindo que uma melhor percepção visual está ligada a níveis mais elevados de participação.
O estudo também revelou diferenças interessantes na participação com base em variáveis demográficas. Meninos demonstraram maior participação em atividades domésticas e escolares, enquanto meninas se mostraram mais engajadas em ambientes comunitários. Adicionalmente, crianças de famílias nucleares apresentaram níveis de participação mais altos em comparação com aquelas de famílias separadas. Esses achados destacam a importância de considerar a percepção visual como um fator significativo que influencia a participação de crianças com TEA, e ressaltam a necessidade de incorporar intervenções baseadas na percepção visual para melhorar o engajamento dessas crianças em suas atividades diárias. É crucial enfatizar que os resultados são correlacionais e não causais, abrindo caminho para futuras pesquisas longitudinais e intervencionistas.
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