Diagnóstico Tardio de Autismo e Deficiência Intelectual: Um Desafio na Saúde Infantil
Um estudo recente aponta para um problema persistente no Brasil: o diagnóstico tardio de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Deficiência Intelectual (DI) em crianças. A pesquisa, conduzida em um ambulatório de neurologia pediátrica da rede pública, revelou um intervalo significativo entre as primeiras preocupações dos pais e a confirmação diagnóstica, impactando negativamente o desenvolvimento infantil e o acesso a intervenções precoces.
Os resultados indicam que, em média, os pais de crianças com TEA relatam os primeiros sinais de alerta por volta dos 2 anos e meio de idade (29,9 meses), enquanto para crianças com DI, essa percepção ocorre um pouco mais tarde, aos 3 anos e 1 mês (37,9 meses). No entanto, o diagnóstico definitivo demora, em média, 6,6 anos para TEA e 6,8 anos para DI. Essa lacuna temporal priva as crianças de receberem o apoio e as terapias necessárias em um momento crucial do seu desenvolvimento neurológico.
A pesquisa também investigou a relação entre o funcionamento cognitivo e os problemas comportamentais e emocionais nas crianças diagnosticadas. Foi observado que crianças com DI apresentaram um desempenho cognitivo significativamente inferior em comparação com as crianças com TEA. Além disso, as crianças com DI demonstraram uma tendência a apresentar mais problemas de externalização (comportamentos disruptivos), enquanto as crianças com TEA mostraram uma maior prevalência de problemas de internalização (ansiedade, depressão). Esses achados reforçam a importância de um diagnóstico precoce e de intervenções direcionadas para atender às necessidades específicas de cada criança.
Diante desse cenário, o estudo enfatiza a necessidade urgente de capacitar os profissionais de atenção primária à saúde para identificar e diagnosticar precocemente o TEA e a DI. A detecção precoce possibilita o encaminhamento adequado para serviços especializados, o início de terapias comportamentais e educacionais, e o apoio às famílias, maximizando o potencial de desenvolvimento das crianças e melhorando sua qualidade de vida. A conscientização e a educação contínua dos profissionais de saúde são fundamentais para reduzir o tempo entre os primeiros sinais de alerta e o diagnóstico preciso, promovendo um futuro mais inclusivo e promissor para as crianças com TEA e DI.
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