Poluição do Ar na Gravidez e Autismo: Impacto do Ambiente e Acesso à Saúde
Estudos recentes têm investigado a complexa relação entre a exposição à poluição do ar durante o período perinatal (desde a concepção até os dois primeiros anos de vida) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA é influenciado por diversos fatores, incluindo genéticos, socioeconômicos e ambientais. A pesquisa buscou entender como a presença de áreas verdes, a urbanização (espaços cinzentos) e, crucialmente, o acesso a serviços de saúde, modulam essa associação.
Um estudo com 237 crianças com TEA analisou dados de exposição à poluição por partículas finas (PM10 e PM2.5), quantificou áreas verdes usando o índice NDVI, mediu a urbanização pela cobertura de superfícies impermeáveis e avaliou o acesso à saúde pela distância aos centros de referência em autismo. Surpreendentemente, a pesquisa encontrou uma associação paradoxal: maior exposição à poluição pareceu ligada a menor severidade do TEA. No entanto, a análise revelou que a urbanização atenua essa associação negativa, sugerindo que a presença de áreas construídas pode influenciar a forma como a poluição afeta o desenvolvimento neurológico.
O aspecto mais relevante do estudo foi a constatação de que o acesso a serviços de saúde desempenha um papel fundamental. Quando a proximidade a centros de tratamento e apoio para o autismo foi considerada, a associação entre poluição e severidade do TEA desapareceu. Isso sugere que a disponibilidade de cuidados de saúde adequados pode mitigar os efeitos negativos da exposição à poluição do ar durante o período crítico do desenvolvimento infantil, ressaltando a importância de políticas públicas que garantam o acesso equitativo a esses serviços para famílias com crianças com TEA. A pesquisa reforça a necessidade de integrar fatores geográficos e ambientais ao avaliar os determinantes ambientais dos desfechos do TEA.
Origem: Link