Saúde Desvendada

A capacidade de interpretar a direção do olhar de outra pessoa é fundamental para a interação social, pois revela suas intenções, emoções e foco de atenção. No contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), onde as dificuldades de reconhecimento comportamental não verbal são características marcantes, a pesquisa sobre a sensibilidade à detecção do olhar alheio tem apresentado resultados inconsistentes. Uma nova pesquisa buscou esclarecer essa relação, investigando como crianças com TEA processam diferentes ângulos de desvio do olhar.

O estudo envolveu crianças com e sem TEA, submetidas a uma tarefa computadorizada que apresentava rostos com olhar direto (0°) e ângulos de desvio de 4°, 8° e 12°. Os resultados revelaram que, ao analisar fotos com olhar direto e um sutil desvio de 4°, não houve diferenças significativas na precisão ou tempo de reação entre os grupos. No entanto, quando o ângulo de desvio aumentava para 8° e 12°, as crianças com TEA demonstraram menor precisão na identificação da direção do olhar em comparação com o grupo de desenvolvimento típico, embora o tempo de resposta não fosse afetado. Isso sugere que a dificuldade não está na velocidade de processamento, mas sim na interpretação da informação visual.

Além disso, o estudo encontrou uma correlação negativa entre a precisão na detecção do olhar e a severidade dos traços relacionados ao autismo quando o ângulo de desvio era de 12°. Em outras palavras, quanto mais intensos os traços autísticos, maior a dificuldade em perceber o desvio do olhar. Esses achados indicam que pessoas com TEA podem apresentar uma sensibilidade aumentada ao olhar, confundindo o olhar direto com o desviado com mais frequência do que seus pares neurotípicos. Essa dificuldade na percepção do olhar pode ser um fator importante a contribuir para as dificuldades de interação social características do TEA, destacando a importância de intervenções que foquem no desenvolvimento dessas habilidades sociais cruciais.

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