Bilinguismo Inesperado no Autismo: Uma Nova Perspectiva sobre Aquisição de Linguagem
Um estudo recente revelou um fenômeno intrigante em crianças com autismo: o bilinguismo inesperado (UB). Essa condição se manifesta quando a criança demonstra habilidade em um idioma ao qual não é exposta em seu ambiente social primário. A pesquisa sugere que crianças autistas, mesmo aquelas com mínima capacidade verbal, podem desenvolver certas habilidades linguísticas de maneira menos dependente da interação social, abrindo novas perspectivas sobre os mecanismos de aquisição de linguagem no autismo.
O estudo envolveu a análise de 119 crianças autistas, 102 crianças com outras condições clínicas e 75 crianças com desenvolvimento típico, com idades entre 2 e 6 anos. Os pais responderam a questionários detalhados sobre os interesses linguísticos de seus filhos e o uso de diferentes idiomas. Os resultados mostraram que uma parcela significativa das crianças autistas (38,7%) apresentava UB, sendo 4,38 vezes mais propensas a demonstrar essa característica em comparação com crianças com desenvolvimento típico. Curiosamente, o nível de linguagem expressiva da criança não pareceu influenciar a presença de UB.
Um dos achados mais notáveis foi que as crianças autistas eram significativamente mais propensas a usar um idioma não dominante (como o inglês) em relação à sua exposição social a ele. Os pais relataram que a exposição a mídias não interativas foi a principal explicação para o surgimento do bilinguismo inesperado nesses casos. Esses resultados indicam que vias não interativas de aquisição de linguagem podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento linguístico precoce em crianças com autismo. Este estudo destaca a importância de considerar diferentes abordagens para apoiar o desenvolvimento da linguagem em crianças com autismo, reconhecendo que a interação social pode não ser o único caminho para a aquisição de habilidades linguísticas.
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