Triagem de Autismo via Dispositivos Móveis: Rumo à Equidade?
A triagem de autismo por meio de ferramentas digitais, como aplicativos e plataformas online acessíveis via smartphones e tablets (mHealth), tem se tornado cada vez mais comum. Pais, profissionais de saúde e educadores recorrem a esses recursos buscando identificar precocemente sinais do transtorno do espectro autista (TEA). No entanto, uma questão crucial emerge: essas ferramentas mHealth estão realmente contribuindo para reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico e tratamento do autismo, ou estariam beneficiando principalmente aqueles que já possuem melhores condições de acesso aos cuidados?
Para abordar essa questão, um painel de especialistas composto por médicos, pais, desenvolvedores de ferramentas e educadores conduziu um estudo utilizando o método Delphi modificado. O objetivo era criar recomendações para melhorar a usabilidade e a aceitabilidade das ferramentas de triagem de autismo em dispositivos móveis, visando garantir que sejam acessíveis e eficazes para todos, independentemente de sua origem socioeconômica ou nível de escolaridade. O estudo envolveu rodadas de votação online e discussões em grupo, resultando em 19 recomendações divididas em cinco categorias principais: transparência, equidade, acesso, design do produto e experiência do usuário, e processo de desenvolvimento.
As recomendações enfatizam a importância de fornecer informações claras e acessíveis sobre o autismo, utilizando linguagem simples e direta (nível de leitura equivalente ao 5º ano do ensino fundamental). Além disso, destacam a necessidade de considerar a diversidade de comportamentos, necessidades e pontos fortes associados ao autismo, evitando generalizações e estereótipos. A criação de ferramentas que sejam culturalmente sensíveis e que levem em conta as diferentes realidades das famílias também é fundamental. Ao seguir essas recomendações, as ferramentas de triagem mHealth podem se tornar mais equitativas e eficazes, contribuindo para um acesso mais justo e igualitário aos serviços e cuidados para pessoas com autismo.
Origem: Link