Autismo e Depósito de Ferro no Cérebro: Uma Nova Perspectiva
Pesquisadores investigaram a relação entre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a concentração de ferro em uma região específica do cérebro, a substância negra (SN). Esta área, localizada no mesencéfalo, desempenha um papel crucial no controle motor, no sistema de recompensa e em funções cognitivas complexas. O estudo buscou entender se alterações na homeostase do ferro na SN poderiam estar ligadas aos sintomas do TEA.
A pesquisa envolveu a análise de 53 homens adultos com TEA e 99 indivíduos de controle, utilizando técnicas avançadas de ressonância magnética. Os resultados revelaram que o grupo com TEA apresentava um acúmulo significativo de ferro na substância negra direita, em comparação com o grupo de controle. Adicionalmente, dentro do grupo com TEA, os níveis mais elevados de ferro estavam associados a maiores dificuldades na comunicação social e a uma menor busca por estímulos sensoriais. Essa correlação sugere que a disfunção do ferro pode influenciar diretamente nas características comportamentais do autismo.
Além das alterações na concentração de ferro, o estudo também identificou diferenças na conectividade funcional entre a substância negra e outras áreas do cérebro. Indivíduos com TEA demonstraram uma conectividade mais forte entre a substância negra direita e os córtex visuais bilaterais, e uma conectividade reduzida com o giro frontal superior direito. Essas alterações na conectividade podem indicar um desequilíbrio no sistema dopaminérgico, neurotransmissor fundamental para diversas funções cerebrais, e que já foi previamente associado aos sintomas do TEA. Os achados reforçam a importância de se considerar a substância negra como um ponto chave na compreensão e no tratamento do autismo, abrindo novas vias para futuras pesquisas e intervenções terapêuticas.
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