Córtex Insular Anterior: Desvendando a Relação com Depressão e Transtorno do Espectro Autista
O córtex insular anterior (aIC) tem se mostrado um protagonista em diversas desordens neuropsiquiátricas, e novas pesquisas aprofundam nosso entendimento sobre seu papel específico na depressão e no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um estudo recente, utilizando modelos de camundongos com características de TEA (induzido por deficiência de Cntnap2) e depressão (induzida por estresse social crônico), revelou que diferentes subpopulações de microglia no aIC desempenham funções distintas no desenvolvimento de comportamentos associados a essas condições.
A pesquisa identificou que a microglia Cx3cr1+, presente nos camundongos com deficiência de Cntnap2, exibia deficiências morfológicas e estava envolvida em déficits sociais e comportamentos repetitivos restritos, traços característicos do TEA. Em contrapartida, a microglia Tmem119+, encontrada nos camundongos submetidos ao estresse social crônico, também apresentava alterações morfológicas e contribuía para dificuldades na busca por prazer (avaliada pela preferência por sacarose) e no desempenho em testes de natação forçada, indicadores de depressão. Essa diferenciação sugere que a resposta imune do cérebro, mediada pelas células da microglia, pode variar significativamente dependendo da condição neuropsiquiátrica.
Análises proteômicas e metabonômicas identificaram dois fatores secretórios, Fbl e Hp1bp3, como cruciais para as disfunções das microglia Cx3cr1+ e Tmem119+, respectivamente. Ao verificar o papel essencial de Fbl e Hp1bp3 nos déficits comportamentais dos camundongos com deficiência de Cntnap2 e nos camundongos induzidos por estresse social crônico, os pesquisadores apontam para potenciais alvos terapêuticos. Este estudo contribui significativamente para a compreensão da intrincada relação entre a microglia, o córtex insular anterior e a manifestação de comportamentos associados a transtornos neuropsiquiátricos como depressão e TEA, abrindo caminhos para o desenvolvimento de intervenções mais direcionadas e eficazes. A identificação de fatores específicos envolvidos nas disfunções da microglia poderá levar a terapias que modulen a atividade dessas células, com o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
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