Saúde Desvendada

A administração de corticosteroides antes do nascimento em gestações de risco de parto prematuro é uma prática comum para reduzir complicações respiratórias nos bebês. No entanto, em gestações gemelares, a adoção dessa prática tem sido menos frequente devido à escassez de dados sobre a segurança e eficácia a longo prazo. Um estudo recente investigou se a administração de corticosteroides antenatais em gêmeos nascidos prematuros tardios (entre 34 e 36 semanas de gestação) está associada a um aumento no risco de problemas de desenvolvimento neurológico a longo prazo.

O estudo, de abrangência nacional e natureza retrospectiva, analisou dados de milhares de crianças gêmeas nascidas entre 2007 e 2010. Os pesquisadores compararam os resultados de desenvolvimento neurológico entre gêmeos cujas mães receberam corticosteroides antes do parto e aqueles cujas mães não receberam. Os resultados indicaram que não houve diferença estatisticamente significativa no risco de resultados adversos de desenvolvimento neurológico a longo prazo entre os dois grupos. Os resultados adversos incluíam autismo, paralisia cerebral, distúrbios da fala, dificuldades de aprendizado e problemas de desenvolvimento motor.

Esses achados são encorajadores, pois sugerem que o uso de corticosteroides antenatais em gestações gemelares de risco de parto prematuro tardio não parece aumentar o risco de problemas neurológicos a longo prazo nas crianças. É importante ressaltar que este estudo considerou diversos fatores que poderiam influenciar o desenvolvimento neurológico, e mesmo após ajustar para esses fatores, a ausência de associação persistiu. Essa pesquisa contribui para o corpo de evidências que auxiliam os profissionais de saúde a tomar decisões informadas sobre o uso de corticosteroides antenatais em gestações gemelares, equilibrando os benefícios potenciais para a saúde respiratória dos bebês com os riscos potenciais para o desenvolvimento neurológico.

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