Exossomos Cerebrais: Novas Perspectivas no Diagnóstico e Tratamento de Distúrbios Neuropsiquiátricos
Os distúrbios do neurodesenvolvimento (DNDs), que englobam condições como transtornos do espectro autista (TEA), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), esquizofrenia e transtorno bipolar, representam um desafio significativo para a medicina moderna. A complexidade da sua fisiopatologia e a heterogeneidade na apresentação clínica dificultam tanto o diagnóstico preciso quanto o desenvolvimento de terapias eficazes.
Nesse contexto, os exossomos derivados do cérebro surgem como elementos promissores. Essas vesículas extracelulares, que variam entre 30 e 150 nanômetros, têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, transportando consigo uma carga molecular específica da doença, incluindo proteínas, lipídios e ácidos nucleicos. Essa característica os torna potenciais biomarcadores e veículos terapêuticos inovadores. Estudos recentes têm identificado características exossomais específicas para diferentes distúrbios, como a redução de fatores neurotróficos derivados do cérebro e o aumento de miR-125b no TDAH, o aumento de miR-146a e IL-6 nos TEA, alterações nos perfis de esfingolipídeos na esquizofrenia e a desregulação da fosfatidilserina no transtorno bipolar. Essas assinaturas moleculares abrem caminho para o monitoramento não invasivo da progressão da doença e da resposta ao tratamento.
Apesar do grande potencial, a aplicação clínica dos exossomos derivados do cérebro enfrenta obstáculos importantes. A padronização dos métodos de isolamento, a escalabilidade da produção clínica e o desenvolvimento de estruturas regulatórias adequadas são desafios críticos a serem superados. Além disso, é fundamental compreender que os exossomos podem desempenhar funções contextuais diversas, atuando tanto como neuroprotetores quanto como agentes potenciais de disseminação da doença, dependendo do microambiente celular. As pesquisas atuais se concentram em superar essas barreiras, buscando avanços em ensaios clínicos e investigando padrões de fabricação e protocolos de dosagem terapêutica para esses agentes, abrindo novas perspectivas para a medicina de precisão e o tratamento personalizado de DNDs.
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