Síndrome do X Frágil: Descobertas Apontam para Novos Mecanismos de Regulação Cerebral
A Síndrome do X Frágil (SXF) é a causa mais comum de deficiência intelectual hereditária e uma das principais causas genéticas de autismo. A condição está ligada à ausência da proteína FMRP, essencial para a regulação da produção de outras proteínas importantes para o desenvolvimento do cérebro e a plasticidade sináptica, processo fundamental para o aprendizado e a memória. Pesquisadores têm investigado o papel da FMRP na localização de proteínas nas sinapses e na expressão de proteínas na superfície das células, buscando entender melhor os mecanismos subjacentes à SXF.
Um estudo recente identificou uma desregulação generalizada na superfície das membranas celulares e nas proteínas associadas em neurônios com deficiência de FMRP. Através de espectrometria de massa quantitativa, os cientistas observaram níveis elevados de várias subunidades do complexo proteico adaptador clatrina-AP-2, incluindo AP2A1 e AP2B1. Este complexo é crucial para a endocitose, processo pelo qual as células internalizam moléculas importantes da membrana celular.
Os resultados revelaram que a FMRP se associa e reprime a tradução de mRNAs que codificam proteínas AP-2. O aumento do AP-2 em modelos da SXF leva a uma maior endocitose de cargas AP-2, incluindo receptores AMPA dendríticos, que desempenham um papel fundamental na transmissão sináptica. A redução dos níveis de AP2B1 em neurônios deficientes em FMRP através de shRNA (RNA de interferência curto) reverteu esses efeitos, indicando um mecanismo translacional que controla a distribuição de proteínas dependentes de adaptadores em células neuronais. Essa descoberta abre novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias direcionadas para a Síndrome do X Frágil, focando na regulação da endocitose e no equilíbrio proteico nas células cerebrais.
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