Fraturas Pélvicas: Avanços na Avaliação e Manejo Pré-Hospitalar
O atendimento pré-hospitalar a pacientes com suspeita de fraturas pélvicas graves, decorrentes de traumas diversos, apresenta desafios significativos para os profissionais de saúde. Tradicionalmente, a estabilização da pelve tem sido defendida com base em evidências hospitalares que apontam para melhores resultados. No entanto, um novo posicionamento da NAEMSP (Associação Nacional de Médicos de Serviços de Emergência Pré-Hospitalar) questiona a aplicação generalizada dessa prática no ambiente pré-hospitalar.
Uma das principais preocupações levantadas é a dificuldade em diagnosticar com precisão fraturas pélvicas fora do ambiente hospitalar. O exame físico isolado, incluindo testes de estabilidade manual da pelve, demonstrou ser pouco confiável, podendo inclusive causar danos adicionais ao paciente. Além disso, a eficácia dos dispositivos de compressão pélvica circunferencial (DCPCs), frequentemente utilizados para estabilizar a pelve, tem sido posta em dúvida. A NAEMSP destaca a falta de evidências robustas que comprovem a redução de hemorragias traumáticas ou da mortalidade com o uso desses dispositivos, alertando também para o potencial de lesões iatrogênicas, ou seja, lesões causadas pelo próprio tratamento.
Diante dessas incertezas, a NAEMSP recomenda uma avaliação cautelosa do uso de DCPCs no ambiente pré-hospitalar. Caso sejam utilizados, é crucial garantir o posicionamento correto sobre os trocanteres (as extremidades superiores do fêmur) e a rotação interna das pernas, fixando os pés juntos. A identificação precisa de pacientes com suspeita de fratura pélvica que também atendam aos critérios de triagem de trauma é fundamental para direcioná-los a centros de trauma especializados, onde poderão receber o tratamento adequado. A capacitação contínua dos profissionais de saúde em relação ao reconhecimento e manejo de fraturas pélvicas, incluindo a seleção apropriada de pacientes e a aplicação correta dos DCPCs, é essencial para garantir a segurança e a eficácia do atendimento. O papel dos médicos de emergência é crucial no desenvolvimento de programas de treinamento e no acompanhamento da qualidade do atendimento, assegurando que as intervenções sejam realizadas de forma segura e eficaz.
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