Riso Patológico Inesperado: Um Efeito Colateral Raro da Atomoxetina em Crianças?
A atomoxetina, um inibidor seletivo da recaptação de norepinefrina (IRN), é frequentemente prescrita para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e tem demonstrado eficácia em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora distúrbios de humor e sintomas psiquiátricos sejam efeitos colaterais reconhecidos, a ocorrência de riso patológico associado ao uso deste medicamento é extremamente rara e pouco documentada.
Um estudo de caso recente relatou um evento incomum em um menino de 6 anos diagnosticado com TEA e TDAH. Após iniciar o tratamento com uma baixa dose de atomoxetina (5 mg/dia), a criança desenvolveu episódios súbitos e incontroláveis de riso patológico. O paciente já apresentava histórico de hiperatividade e agressividade, condições manejadas com risperidona e clonidina. Surpreendentemente, após apenas cinco dias do início da atomoxetina, ele começou a exibir risos frequentes e espontâneos, com duração de 2 a 5 minutos, sem um gatilho emocional aparente.
A boa notícia é que esses episódios se resolveram em aproximadamente 10 dias, mesmo com a continuidade do tratamento com atomoxetina. Curiosamente, a resolução coincidiu com um pequeno aumento na dose de risperidona. Após esse período, o menino apresentou melhorias notáveis na atenção, contato visual e cooperação geral. A atomoxetina foi posteriormente aumentada para 10 mg/dia, sem que houvesse recorrência do riso patológico. Este caso ressalta a importância de monitorar de perto os efeitos colaterais relacionados ao humor em crianças com distúrbios do neurodesenvolvimento que utilizam atomoxetina, especialmente aquelas com histórico familiar de transtorno bipolar. Também destaca a necessidade de abordagens de tratamento personalizadas e de mais pesquisas sobre os mecanismos e fatores de risco subjacentes a este fenômeno incomum.
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