Hipóxia Neonatal e Risco de Distúrbios do Espectro Autista: Uma Nova Perspectiva
A hipóxia, ou falta de oxigênio, durante o período perinatal, que compreende o final da gestação e o período neonatal, pode ter consequências significativas para o desenvolvimento do bebê. Um estudo recente investigou os efeitos da hipóxia neonatal em camundongos, buscando entender a possível ligação com disfunções cerebrais neurodegenerativas relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No experimento, camundongos recém-nascidos foram submetidos a ambientes controlados com diferentes concentrações de oxigênio, induzindo diferentes níveis de hipóxia. Os resultados revelaram níveis elevados de HIF-1α, um marcador de hipóxia, no córtex cerebral e no hipocampo dos animais. Além disso, observou-se um aumento na neurodegeneração nessas mesmas regiões do cérebro. O estudo também identificou alterações na expressão de microRNAs (miRNAs) específicos, que já foram associados ao TEA em estudos com humanos e modelos animais. Esses miRNAs incluem miR-19a-3p, miR-361-5p, miR-150-5p, miR-126-3p e miR-499a-5p. Essas alterações moleculares podem indicar caminhos pelos quais a hipóxia aumenta o risco de desenvolver características relacionadas ao TEA.
Os pesquisadores também observaram mudanças comportamentais nos camundongos submetidos à hipóxia, como diminuição do movimento e da velocidade, redução da interação social e aumento de comportamentos repetitivos. Além disso, os animais mostraram maior tendência a exibir comportamentos de busca de cantos. Embora as mudanças comportamentais e moleculares tenham sido detectadas mesmo em casos de hipóxia leve (12% de O2), os efeitos mais pronunciados foram observados nos grupos com hipóxia mais severa (10% e 8% de O2). Esses resultados enfatizam a importância da detecção precoce e intervenção em recém-nascidos expostos à hipóxia, visando prevenir problemas neurológicos a longo prazo. A pesquisa sugere que a exposição à hipóxia no início do desenvolvimento, mesmo em partos normais, pode prejudicar a memória e o aprendizado, destacando o papel crucial dos miRNAs no desenvolvimento e a importância de estudar as vias regulatórias afetadas pela hipóxia.
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