Efeito Placebo no Autismo: Desafios e Estratégias em Estudos Clínicos
O efeito placebo, um fenômeno no qual a melhora dos sintomas ocorre devido à crença do paciente no tratamento, e não à ação direta do medicamento, representa um desafio significativo em pesquisas clínicas, especialmente em estudos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A subjetividade inerente à avaliação de resultados, particularmente quando se utilizam relatos de informantes, torna o TEA suscetível a este efeito, influenciado pelas altas expectativas de resultados positivos.
Um estudo piloto preliminar investigou o impacto do efeito placebo em um ensaio clínico que avaliou a pregnenolona, um neuroesteroide endógeno, na redução da irritabilidade em adolescentes e jovens adultos (14-25 anos) com TEA. O estudo empregou um período inicial de duas semanas com placebo, de forma cega simples, antes da fase duplo-cega randomizada. A escala de irritabilidade da Aberrant Behaviors Checklist (ABC-I) foi utilizada como principal medida de resultado, buscando identificar possíveis correlações entre o efeito placebo e fatores como QI, idade, sexo e gravidade dos sintomas no início do estudo.
Os resultados revelaram uma diminuição de 30,2% nos sintomas de irritabilidade durante o período inicial com placebo, demonstrando um efeito significativo. Essa melhora foi estatisticamente significativa e não se correlacionou com sexo, QI ou idade, mas sim com a pontuação inicial na escala ABC-I. Esses achados reforçam a importância de considerar e mitigar o efeito placebo em pesquisas sobre intervenções para o TEA. A adoção de um período inicial com placebo, de forma cega simples, é uma estratégia recomendada para contabilizar e reduzir o impacto desse fenômeno, aumentando a confiabilidade dos resultados dos ensaios clínicos.
Origem: Link