Desvendando a Formação do Córtex Cerebral: Uma Nova Perspectiva Sobre o Desenvolvimento do Cérebro
O neocórtex, a parte mais evoluída do cérebro, exibe uma organização complexa ao longo de um eixo que vai do sensorimotor à associação. Áreas sensorimotoras primárias, dedicadas ao processamento de informações sensoriais e motoras específicas, ocupam uma extremidade desse eixo, enquanto áreas de associação transmodais, que suportam a cognição abstrata e a integração de informações de diferentes modalidades sensoriais, se encontram na outra extremidade. Entender como esse padrão se estabelece durante o desenvolvimento é um desafio fundamental na neurociência.
Uma nova pesquisa propõe um modelo chamado MIND (Multinodal Induction-Exclusion in Network Development), que sugere que a formação desse eixo sensorimotor-associação é governada por processos competitivos de indução e exclusão. Programas transcricionais opostos, originários de diferentes regiões do cérebro, impulsionam esses processos. As características moleculares e de conectividade das áreas de associação surgem através de programas pericentrales, que se originam ao redor dos polos fronto-temporais e são parcialmente regulados pelo ácido retinoico. Esses programas avançam em direção aos territórios centrais do neocórtex.
Simultaneamente, programas centrais são induzidos por interações entre as entradas talamocorticais sensorimotoras de primeira ordem e o neocórtex, promovendo a formação de áreas primárias e excluindo os programas pericentrales. Fatores como SATB2 e ZBTB18 influenciam esses programas, que competem pelo mesmo território e criam compartimentalização espacial na orientação axonal, adesão celular, sinalização do ácido retinoico, sinaptogênese, sinalização de Wnt e genes de risco para o autismo. Proteínas como PLXNC1 e SEMA7A mostram expressão anti-correlacionada e funções repulsivas na modelagem da conectividade cortico-cortical ao longo do eixo sensorimotor-associação. Em essência, esses processos antagônicos estabelecem um equilíbrio e uma topografia onde as áreas sensorimotoras primárias emergem como ilhas focais dentro de uma vasta rede associativa. O modelo MIND oferece uma estrutura unificada para compreender fenômenos experimentais, evolutivos e clínicos, revelando a indução e a exclusão como princípios complementares na modelagem do córtex cerebral e suas funções.
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