Autismo: Desvendando a Influência de Múltiplos Genes no Desenvolvimento Neuronal
A pesquisa sobre o autismo tem avançado significativamente, revelando que mais de 100 genes estão associados a um risco aumentado de desenvolver a condição e outras desordens do neurodesenvolvimento. No entanto, compreender como as variações nesses genes se traduzem em alterações comportamentais distintas e, por vezes, sobrepostas, ainda representa um desafio para os cientistas. Estudos recentes têm se concentrado em analisar diversos genes relacionados ao autismo simultaneamente, buscando identificar convergências funcionais e fenotípicas que possam ser cruciais para as etapas iniciais do desenvolvimento neurológico.
Um estudo inovador utilizou o organismo modelo *C. elegans* para investigar o impacto de 20 genes associados ao autismo na remodelação neuronal dependente da experiência. Os resultados demonstraram que a perda de função de genes como *unc-44/ANK2*, *set-4/KMT5B*, *daf-18/PTEN*, *gap-2/SYNGAP1* e *chd-1/CHD8* aumentou o crescimento de neuritos no neurônio GABAérgico DVB em vermes adultos. Surpreendentemente, a inativação do gene *CACNA2D3/unc-36* resultou em uma diminuição nesse crescimento. Embora *daf-18/PTEN*, *set-4/KMD5B* e *unc-44/ANK2* apresentassem fenótipos convergentes, as trajetórias temporais de desenvolvimento e o impacto na morfologia pré-sináptica do neurônio DVB foram distintos.
A análise do comportamento de protração da espícula, regulado pelo neurônio DVB, identificou múltiplos genes relacionados ao autismo envolvidos nesse processo. Notavelmente, apenas *unc-44/ANK2* e *CACNA2D3/unc-36* apresentaram influência tanto na morfologia neuronal quanto no comportamento. A aplicação de uma estrutura computacional de geometria métrica (CAJAL) ao conjunto de dados morfológicos do neurônio DVB revelou cinco genes adicionais com impacto na morfologia, incluindo *unc-2/CACNA1A* e *unc-10/RIMS1*, que também afetaram significativamente o comportamento. Este estudo define novos reguladores e mecanismos moleculares da remodelação neuronal dependente da experiência e da plasticidade do circuito, estabelecendo conexões importantes com genes conservados relacionados ao autismo e demonstrando a utilidade de modelos animais como o *C. elegans* para a triagem de novos genes e funções envolvidas no autismo.
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