Saúde Desvendada

A toxoplasmose congênita, causada pela infecção do Toxoplasma gondii durante a gravidez, pode trazer sérias consequências para o feto e o recém-nascido. Um estudo retrospectivo realizado na Sicília Oriental, Itália, entre 2000 e 2021, avaliou a incidência dessa condição e suas sequelas neurológicas, oftalmológicas e auditivas em uma coorte de 220 bebês. A pesquisa destaca a importância do rastreio pré-natal para identificar e monitorar os casos de risco, permitindo intervenções precoces que podem minimizar os danos.

Os resultados do estudo demonstraram que a transmissão materno-infantil (TMI) ocorreu em 19,2% dos casos com dados de acompanhamento disponíveis. Um achado relevante foi a correlação entre a idade gestacional no momento da soroconversão materna e a taxa de TMI: 5% no primeiro trimestre, 23% no segundo e 63% no terceiro (p < 0,001). Além disso, o tratamento pré-natal por um período igual ou superior a 28 dias esteve associado a uma taxa significativamente menor de TMI (11,8% vs. 28,6%, p = 0,037). Esses dados reforçam a necessidade de um acompanhamento médico rigoroso durante a gestação, especialmente em áreas com alta prevalência de toxoplasmose.

Entre os 29 recém-nascidos infectados, 17 (58,6%) apresentaram sintomas ao nascer e durante o acompanhamento a longo prazo. As manifestações incluíram microcefalia (10%), anormalidades intracranianas (19%), distúrbios comportamentais (4%), epilepsia (7%) e atraso psicomotor (7%). Lesões oftalmológicas foram observadas em 21% dos casos ao nascimento e em 45% durante o acompanhamento. Curiosamente, não foram registrados casos de perda auditiva. Embora o estudo tenha confirmado a eficácia do rastreio pré-natal, os pesquisadores ressaltam a necessidade de mais investigações para compreender melhor os fatores que influenciam a progressão da doença e os resultados a longo prazo. O estudo aponta para a necessidade de vigilância contínua e estratégias de prevenção mais eficazes para proteger a saúde dos bebês.

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