Microbiota e Autismo: Impacto da Transferência Fecal em Comportamento e Saúde Intestinal em Modelo Animal
A crescente prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem impulsionado a busca por mecanismos subjacentes ao seu desenvolvimento, visando a prevenção e o tratamento eficazes. A etiologia do TEA é complexa, envolvendo tanto predisposição genética quanto fatores ambientais, incluindo alterações na microbiota intestinal.
Um estudo recente investigou o impacto da transferência de microbiota fecal (TMF) de crianças com TEA para camundongos fêmeas geneticamente predispostas (Shank3b+/-). Os pesquisadores observaram os efeitos nos filhotes machos, tanto com a predisposição genética (Shank3b-/-) quanto sem ela (tipo selvagem). Os resultados revelaram que a exposição pré-natal à microbiota associada ao TEA afetou o neurodesenvolvimento dos filhotes do tipo selvagem, levando a atrasos e alterações no comportamento alimentar, além de aumentar os níveis de leptina no plasma e o peso corporal. Já nos camundongos com predisposição genética (Shank3b-/-) que receberam a TMF, observou-se dificuldades de aprendizado e exacerbação de comportamentos relacionados à ansiedade na vida adulta. Curiosamente, a TMF pareceu melhorar o aprendizado em camundongos Shank3b-/- adolescentes.
Além disso, a exposição pré-natal à microbiota do TEA diminuiu a atividade dos neurônios hipocretina na área hipotalâmica lateral em ambos os grupos de filhotes. A combinação da predisposição genética e da TMF resultou em aumento da permeabilidade do cólon, demonstrado pela análise de fatores como zonula occludens (ZO1, ZO3) e claudina. Esses achados sugerem que a exposição à TMF parental pode influenciar o comportamento dos filhotes em modelos animais de autismo, destacando o potencial da microbiota na modulação do TEA e abrindo novas vias para futuras pesquisas e possíveis intervenções terapêuticas focadas na saúde intestinal.
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