Calretinina e Autismo: Descobertas Promissoras em Pesquisa com Modelo Animal
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodesenvolvimental complexa, caracterizada por dificuldades na interação social, comportamentos repetitivos e estereotipados, além de níveis elevados de ansiedade e comprometimentos cognitivos. Pesquisas anteriores já haviam demonstrado uma densidade reduzida de interneurônios GABAérgicos que expressam calretinina (CR) tanto em pacientes com TEA quanto em modelos animais.
Um estudo recente investigou o papel específico da CR em aberrações comportamentais relevantes para o TEA. Os pesquisadores analisaram os níveis de mRNA e proteína da CR no córtex pré-frontal (CPF) de um modelo de camundongo com TEA induzido por exposição pré-natal ao ácido valproico (VPA). Adicionalmente, avaliaram as anormalidades comportamentais em camundongos com deficiência de CR, utilizando uma bateria abrangente de testes que incluíram interação social, enterramento de bolinhas de gude, auto-cuidado, campo aberto, labirinto em cruz elevado e testes de reconhecimento de novos objetos.
Os resultados revelaram que os níveis de mRNA e proteína da CR no CPF do modelo de camundongo com TEA induzido por VPA estavam reduzidos. Paralelamente, os camundongos com redução da CR exibiram aberrações comportamentais semelhantes ao TEA, como comprometimento social, aumento de estereotipias, ansiedade e déficits de memória. Surpreendentemente, as gravações patch-clamp mostraram que a redução da CR provocou diminuição da excitabilidade neuronal, aumentando as frequências de descarga do potencial de ação, juntamente com a diminuição do limiar do potencial de ação e da reobase. Esses achados sugerem que a diminuição da CR pode contribuir para fenótipos semelhantes ao TEA, com a patogênese provavelmente decorrente do aumento da excitabilidade neuronal. Este estudo oferece um novo foco para entender os mecanismos biológicos subjacentes ao autismo, abrindo caminhos para futuras intervenções terapêuticas.
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