Adversidades na Infância e Impacto no Desenvolvimento em Modelo Animal
A complexidade etiológica dos transtornos psiquiátricos reside na interação dinâmica entre vulnerabilidades genéticas e ambientais. Entre os componentes ambientais, as adversidades no início da vida representam um importante fator de risco para o desenvolvimento de condições psiquiátricas. No entanto, a interação entre essas adversidades e a vulnerabilidade genética que contribui para a psicopatologia ainda não é totalmente compreendida.
Uma pesquisa recente investigou essa interação utilizando um modelo pré-clínico em camundongos. Os pesquisadores utilizaram camundongos com predisposição genética para múltiplos transtornos psiquiátricos, incluindo o espectro do autismo, esquizofrenia e transtorno bipolar. Esses camundongos, denominados Cntnap2+/-, foram submetidos a condições de estresse precoce, simulando adversidades na vida. Os resultados mostraram que as experiências adversas no início da vida moldam características comportamentais distintas, dependendo da predisposição genética. Em particular, os camundongos Cntnap2+/- criados em condições adversas exibiram um comportamento de risco perseverante em testes comportamentais.
Curiosamente, esse comportamento de risco foi altamente preditivo do sucesso desses camundongos em interações sociais, sugerindo que a ansiedade pode influenciar o domínio do comportamento social, levando a ganhos ou perdas extremas na sociabilidade. Adicionalmente, o estudo revelou que as condições adversas no início da vida promoveram a hipertrofia das densidades pós-sinápticas no núcleo basolateral da amígdala (BLA), mas essa alteração, em camundongos Cntnap2+/-, foi associada a anormalidades da micróglia. Os resultados sugerem que a interação entre adversidades no início da vida e a haploinsuficiência de Cntnap2 altera a regulação emocional em camundongos, possivelmente devido a uma deficiência na escala sináptica no BLA.
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