A realidade virtual (RV) tem se mostrado uma ferramenta promissora para terapias de reabilitação, oferecendo experiências imersivas e interativas. Uma preocupação constante, no entanto, são os efeitos colaterais como náuseas e tonturas, conhecidos como enjoo de RV, que podem limitar sua aplicação clínica. Um estudo recente investigou o impacto de disparidades sensório-motoras, que podem ser úteis para o aprendizado motor, mas também podem agravar esses efeitos, e como a idade influencia essa experiência.
A pesquisa envolveu 104 adultos saudáveis, incluindo idosos de até 84 anos, divididos em grupos que realizaram uma tarefa de arremesso de bola em RV com diferentes níveis de dificuldade e exposição a disparidades sensório-motoras induzidas. Ao contrário de outros estudos, este se concentrou em disparidades proprioceptivas (sensação da posição e movimento do corpo) durante a interação com objetos virtuais, em vez de conflitos visuais-vestibulares, que são as causas mais comuns de enjoo de RV. Os participantes responderam a questionários para avaliar o enjoo de RV e a experiência do usuário.
Os resultados revelaram que as disparidades sensório-motoras não aumentaram significativamente o enjoo de RV. Surpreendentemente, os participantes mais jovens relataram sintomas mais intensos de enjoo, enquanto os idosos demonstraram maior tolerância à RV. O grupo exposto a maiores disparidades relatou mais exaustão e frustração, indicando um impacto da sobrecarga cognitiva e da dificuldade da tarefa na experiência do usuário. Esses achados sugerem que ambientes de RV com disparidades sensório-motoras podem ser viáveis para reabilitação, especialmente em idosos, que demonstraram alta tolerância, abrindo portas para aplicações mais amplas nessa população. A pesquisa foi registrada no Registro Alemão de Ensaios Clínicos sob o número DRKS00034901.
Origem: Link