A pandemia de COVID-19 trouxe desafios sem precedentes para a saúde global, impactando de forma particularmente severa a população idosa. Em meio a altas taxas de hospitalização e mortalidade, a necessidade de abordagens terapêuticas eficazes se tornou ainda mais evidente. Nesse contexto, a terapia ocupacional emergiu como uma ferramenta valiosa no cuidado de idosos hospitalizados com COVID-19, buscando otimizar sua funcionalidade, bem-estar e qualidade de vida.
Mas como exatamente a terapia ocupacional contribui para o cuidado desses pacientes? E quais estratégias são utilizadas pelos terapeutas ocupacionais para enfrentar os desafios impostos pela doença e pelo ambiente hospitalar? Vamos explorar essas questões neste artigo, baseando-nos em um estudo recente realizado no Chile e complementando com informações relevantes para o contexto brasileiro.
O Envelhecimento e a Vulnerabilidade à COVID-19
O envelhecimento populacional é uma tendência global, e o Brasil não é exceção. Com o aumento da expectativa de vida, cresce também a proporção de idosos na sociedade. Essa mudança demográfica traz consigo novos desafios para o sistema de saúde, especialmente no que diz respeito ao cuidado de doenças crônicas e infecciosas.
Idosos, naturalmente, são mais vulneráveis à COVID-19 devido a mudanças fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, como a diminuição da capacidade pulmonar, a fragilidade do sistema imunológico e a presença de comorbidades. A hospitalização, por sua vez, pode agravar essa vulnerabilidade, expondo os pacientes a riscos como imobilidade prolongada, desorientação e declínio cognitivo.
O Papel da Terapia Ocupacional na Hospitalização por COVID-19
É aí que a terapia ocupacional entra em cena. Os terapeutas ocupacionais trabalham para ajudar os pacientes a recuperar ou manter sua independência nas atividades diárias, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se e realizar tarefas domésticas. No contexto da COVID-19, essa abordagem se torna ainda mais crucial, pois a doença pode comprometer significativamente a capacidade funcional dos idosos.
Um estudo realizado em hospitais da Região Metropolitana de Santiago, no Chile, entre 2020 e 2022, investigou as estratégias de intervenção utilizadas por terapeutas ocupacionais no cuidado de idosos hospitalizados com COVID-19. Os resultados revelaram uma ampla gama de abordagens, focadas em diferentes aspectos da saúde e do bem-estar dos pacientes.
Estratégias de Intervenção: Um Panorama Detalhado
Dentre as estratégias mais utilizadas pelos terapeutas ocupacionais, destacam-se:
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Estimulação Polissensorial: Visa estimular os sentidos dos pacientes (tato, olfato, visão, audição, paladar) para promover a consciência, a orientação e o bem-estar. Isso pode envolver o uso de diferentes texturas, aromas, sons e imagens.
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Mobilização Precoce: Incentiva os pacientes a se movimentarem o mais cedo possível, mesmo que seja apenas sentar na cama ou dar alguns passos. A mobilização precoce ajuda a prevenir a perda de massa muscular, a melhorar a circulação sanguínea e a reduzir o risco de complicações como trombose e pneumonia.
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Estimulação Cognitiva: Envolve atividades que estimulam as funções cognitivas, como memória, atenção, raciocínio e linguagem. Isso pode incluir jogos, quebra-cabeças, leitura e conversas.
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Manejo Ambiental: Adapta o ambiente hospitalar para torná-lo mais seguro, confortável e estimulante para os pacientes. Isso pode envolver a organização do espaço, a iluminação adequada e a redução do ruído.
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Posicionamento: Ajuda os pacientes a manterem uma postura adequada na cama ou na cadeira, prevenindo o desenvolvimento de úlceras de pressão e melhorando a função respiratória.
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Comunicação à Distância: Facilita a comunicação dos pacientes com seus familiares e amigos, utilizando recursos como videochamadas e mensagens de texto. A comunicação à distância é especialmente importante em tempos de isolamento social, pois ajuda a reduzir a sensação de solidão e a promover o bem-estar emocional.
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Abordagem de Atividades de Vida Diária (AVDs): Auxilia os pacientes a realizar as AVDs com o máximo de independência possível, adaptando as tarefas e fornecendo auxílios técnicos quando necessário.
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Auxílios Técnicos: Utiliza dispositivos como barras de apoio, cadeiras de banho e talheres adaptados para facilitar a realização das AVDs e aumentar a segurança dos pacientes.
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Manejo Não Farmacológico da Dor: Oferece alternativas não medicamentosas para o alívio da dor, como massagem, relaxamento e técnicas de distração.
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Protocolo do Sono: Implementa medidas para melhorar a qualidade do sono dos pacientes, como a redução do ruído, a criação de um ambiente escuro e silencioso e a promoção de hábitos saudáveis de sono.
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Prevenção e Manejo Não Farmacológico do Delirium: Adota estratégias para prevenir e tratar o delirium, um estado de confusão mental que pode ser comum em idosos hospitalizados. Isso pode envolver a orientação frequente, a estimulação cognitiva e a promoção de um ambiente calmo e tranquilo.
O Trabalho em Equipe e o Cuidado Integral
O estudo chileno também ressaltou a importância do trabalho em equipe para o sucesso das intervenções de terapia ocupacional. A colaboração entre terapeutas ocupacionais, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde é fundamental para garantir um cuidado integral e coordenado aos pacientes.
Além disso, o estudo revelou que a pandemia de COVID-19 impôs uma grande carga de trabalho aos profissionais de saúde, afetando sua saúde mental. É fundamental que os gestores de saúde ofereçam apoio e recursos adequados para garantir o bem-estar dos profissionais, para que eles possam continuar a prestar um cuidado de qualidade aos pacientes.
Considerações Finais
A terapia ocupacional desempenha um papel crucial no cuidado de idosos hospitalizados com COVID-19, contribuindo para otimizar sua funcionalidade, bem-estar e qualidade de vida. As estratégias de intervenção utilizadas pelos terapeutas ocupacionais são variadas e adaptadas às necessidades individuais de cada paciente.
Em um contexto de envelhecimento populacional e desafios impostos pela pandemia, é fundamental que o sistema de saúde valorize e invista na terapia ocupacional, garantindo o acesso a esses serviços para todos os idosos que necessitam. Ao fazê-lo, estaremos promovendo um envelhecimento mais saudável e digno para a nossa população.
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