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Ensino Remoto na Fisioterapia: Um Olhar Detalhado sobre o Impacto da Pandemia

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A pandemia de COVID-19 pegou o mundo de surpresa, forçando mudanças drásticas em diversos setores, e a educação não foi exceção. De uma hora para outra, salas de aula presenciais se tornaram telas de computador, e o ensino remoto emergencial (ERE) se tornou a nova realidade. Mas como essa transição impactou os cursos de Fisioterapia, uma área tão dependente da prática e do contato físico? Um estudo recente investigou justamente essa questão, e os resultados revelam nuances importantes sobre a experiência de alunos, professores e preceptores.

## A Emergência do Ensino Remoto: Uma Adaptação Necessária

Em 2020, com as restrições de aulas presenciais impostas pela pandemia, o ensino a distância (EAD) ganhou uma relevância sem precedentes. Estima-se que 70% da população estudantil mundial foi afetada, e o Brasil respondeu com o ERE, uma modalidade adaptada para as circunstâncias. Para cursos como Fisioterapia, que tradicionalmente envolvem muita prática e contato manual, a mudança representou um desafio significativo.

## O Estudo: Percepções e Desafios do ERE na Fisioterapia

Uma pesquisa publicada na revista “Fisioterapia e Pesquisa” explorou as perspectivas de alunos, professores e preceptores de Fisioterapia sobre o ERE durante o distanciamento social. O estudo, realizado através de questionários online, coletou respostas de 709 participantes, incluindo 59 professores e preceptores e 650 alunos de graduação e pós-graduação.

A maioria dos participantes era do sexo feminino (80,2%), com idades entre 20 e 34 anos (alunos) e 20 e 49 anos (professores e preceptores). Uma parcela significativa dos participantes era de instituições privadas (92%) da região Sudeste do Brasil (82,9%).

## Confiança Digital: A Chave para o Sucesso no ERE?

Um dos pontos mais interessantes revelados pelo estudo foi a diferença na confiança no uso de plataformas digitais entre os grupos. Enquanto 81,4% dos professores e preceptores se sentiam confiantes, apenas 58,3% dos alunos compartilhavam essa sensação. Essa disparidade sugere que a familiaridade com a tecnologia pode ter sido um fator crucial para o sucesso no ERE.

A pesquisa também investigou a correlação entre a confiança no uso de plataformas digitais e o desempenho acadêmico/profissional. Surpreendentemente, essa correlação foi significativa para professores e preceptores, mas não para os alunos. Isso pode indicar que a experiência prévia com a tecnologia e a capacidade de se adaptar a novas ferramentas foram mais importantes para os profissionais do que para os estudantes.

## Impactos Financeiros, Acesso e Desempenho: Uma Análise Detalhada

O estudo revelou que o ERE teve diversos impactos na vida dos participantes. Um percentual elevado, 86,6%, relatou impactos financeiros negativos, possivelmente devido à necessidade de investir em equipamentos e acesso à internet. Além disso, 76,6% dos participantes enfrentaram dificuldades de acesso às aulas, o que pode ter afetado a participação e o aprendizado.

A participação e interação durante as aulas também foram prejudicadas para 83,2% dos respondentes, e o desempenho acadêmico e profissional foi afetado para 79,4%, especialmente entre os professores e preceptores (79,5%). Esses dados demonstram que o ERE, apesar de ser uma solução emergencial, não foi isento de desafios e impactos negativos.

## A Surpreendente Preferência pelo Ensino Remoto

Apesar dos desafios e impactos negativos, um dos resultados mais surpreendentes do estudo foi a alta preferência pelo uso contínuo de plataformas digitais (79,5%). Isso sugere que, mesmo reconhecendo as dificuldades, muitos participantes encontraram vantagens no ensino remoto, como flexibilidade de horários e a possibilidade de estudar de qualquer lugar.

Essa preferência pode indicar uma mudança de paradigma na educação, com a incorporação de ferramentas digitais como um complemento ao ensino presencial, mesmo após o retorno à normalidade.

## Um Olhar para o Futuro da Educação na Fisioterapia

O estudo sobre o impacto do ERE na Fisioterapia nos oferece insights valiosos sobre os desafios e oportunidades do ensino remoto. A confiança na tecnologia, o acesso equitativo a recursos e a adaptação de metodologias de ensino são fatores cruciais para garantir uma experiência educacional de qualidade, independentemente da modalidade.

A pandemia acelerou a adoção de tecnologias na educação, e é fundamental que as instituições de ensino invistam em capacitação e infraestrutura para aproveitar ao máximo o potencial dessas ferramentas. Ao mesmo tempo, é importante estar atento aos impactos negativos do ensino remoto, como o isolamento social e as dificuldades de acesso, e buscar soluções para mitigar esses problemas.

O futuro da educação na Fisioterapia provavelmente será um modelo híbrido, combinando o melhor dos dois mundos: a interação presencial e a flexibilidade do ensino remoto. Ao abraçar a tecnologia de forma estratégica e consciente, podemos construir um sistema educacional mais acessível, inclusivo e eficiente, preparando os futuros profissionais da área para os desafios do século XXI.

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