Ser pai ou educador de crianças pequenas é uma aventura constante. A cada dia, elas nos surpreendem com novas habilidades, descobertas e uma energia inesgotável. Mas, em meio a tantas informações e opções, como podemos realmente ajudar no desenvolvimento dos nossos pequenos? A resposta pode estar mais perto do que imaginamos: nos objetos que os cercam e na forma como os usamos em atividades cotidianas.
Recentemente, um estudo publicado no *scielo.br* investigou justamente isso: como o uso de objetos em situações educativas na escola infantil pode favorecer o desenvolvimento de funções executivas em crianças de 2 a 3 anos. Vamos mergulhar nesse tema e descobrir como aplicar essas ideias em casa ou na sala de aula.
## Objetos e Funções Executivas: Uma Conexão Surpreendente
Funções executivas? Calma, não precisa ser um expert em neurociência para entender. Basicamente, são habilidades mentais que nos permitem planejar, organizar, tomar decisões e regular nossas ações. São essenciais para o sucesso na escola, no trabalho e na vida. E, acredite, começam a se desenvolver bem cedo!
O estudo analisou vídeos de uma professora interagindo com 12 crianças em uma escola pública. A atividade principal era uma tarefa semiestruturada após a leitura de um livro infantil. Os pesquisadores observaram como a professora conduzia a atividade, como as crianças usavam os objetos (no caso, os livros) e como elas reagiam às intervenções da professora.
## O Papel da Professora (e dos Pais!): Menos Restrição, Mais Exploração
Os resultados revelaram algo interessante: as intervenções da professora, em alguns momentos, pareciam restringir a exploração das crianças. Ao antecipar demais os resultados esperados, a professora limitava as possibilidades de as crianças explorarem livremente os livros e, consequentemente, desenvolverem suas funções executivas.
Isso não significa que a professora estava errada em tentar direcionar a atividade. O ponto crucial é o equilíbrio. É importante oferecer oportunidades para que as crianças experimentem, errem, tentem de novo e, assim, construam seu próprio aprendizado.
E aqui entra o papel dos pais e educadores: sermos mediadores, não controladores. Oferecer os objetos, criar um ambiente estimulante e observar como as crianças interagem com eles. Fazer perguntas abertas, incentivar a imaginação e deixar que elas conduzam a brincadeira (dentro de certos limites, é claro!).
## A Magia da Autorregulação: Pequenos Detetives do Cotidiano
Apesar das restrições observadas nas intervenções da professora, o estudo também mostrou algo animador: algumas crianças demonstraram capacidade de regular suas ações e exercer algum controle sobre a tarefa. Isso sugere que o simples ato de manipular objetos pode, por si só, estimular o desenvolvimento do controle executivo.
Imagine uma criança tentando encaixar peças de diferentes tamanhos em um brinquedo. Ela está experimentando, comparando, errando e, finalmente, encontrando a solução. Cada uma dessas ações contribui para o desenvolvimento de sua capacidade de autorregulação.
E não precisa ser nada sofisticado! Uma caixa de papelão, potes de plástico, pedaços de tecido, tudo pode se transformar em um universo de possibilidades nas mãos de uma criança curiosa.
## Práticas Pedagógicas Intencionais: Um Chamado à Ação
A conclusão do estudo é clara: precisamos de práticas pedagógicas mais intencionais e planejadas que impactem positivamente o desenvolvimento das funções executivas nas crianças desde os primeiros anos da Educação Infantil.
E como colocar isso em prática?
* **Planeje atividades:** Escolha objetos que estimulem a criatividade e a resolução de problemas.
* **Ofereça espaço para a exploração:** Deixe as crianças experimentarem livremente, sem antecipar demais os resultados.
* **Seja um mediador:** Faça perguntas abertas, incentive a imaginação e ofereça apoio quando necessário.
* **Observe e aprenda:** Preste atenção em como as crianças interagem com os objetos e adapte suas práticas de acordo.
Lembre-se: o objetivo não é transformar as crianças em pequenos gênios, mas sim oferecer oportunidades para que elas desenvolvam todo o seu potencial de forma natural e divertida. Ao brincar e aprender com objetos simples, estamos investindo no futuro dos nossos pequenos e construindo um mundo mais criativo e inteligente.