Atenção Centralizada ao Câncer Materno e seus Impactos nos Filhos: Um Modelo Holandês
O diagnóstico de câncer durante a gravidez é um evento raro, mas de grande impacto, afetando cerca de 1 em cada 1000 a 2000 gestações. Com o aumento da idade materna e a utilização de testes de rastreamento pré-natal mais amplos, a detecção incidental de câncer materno tem se tornado mais frequente. Avanços nos tratamentos seguros durante a gravidez permitem que mais crianças sejam expostas à quimioterapia e outras terapias in utero.
Embora a segurança em curto prazo de muitos agentes oncológicos tenha sido demonstrada, os efeitos colaterais a longo prazo em crianças expostas durante a gestação ainda estão sendo avaliados. Preocupações incluem impactos físicos, neuromotores, neurocognitivos e psicossociais nas crianças e suas famílias após o parto. Nesse contexto, um estudo recente destaca a importância de um acompanhamento estruturado e abrangente para esses pacientes.
Na Holanda, foi estabelecida a clínica ambulatorial nacional centralizada de Câncer na Gravidez (CIP) em 2018. Essa clínica funciona como um centro de vigilância, coletando dados para um registro internacional. A clínica oferece uma avaliação multidisciplinar, incluindo exames físicos, testes neuromotores, monitoramento cardíaco, rastreamento renal e auditivo, testes neurocognitivos e avaliação psicossocial. Entre 2018 e 2024, 226 crianças foram encaminhadas à clínica CIP, demonstrando a necessidade de um acompanhamento especializado. A experiência holandesa serve como um modelo promissor para outros países que buscam melhorar o suporte e os cuidados para famílias afetadas pelo câncer durante a gravidez, visando a detecção precoce de potenciais efeitos tardios e o suporte familiar abrangente. Os tipos de câncer materno mais comuns foram de mama, ginecológicos e hematológicos. A quimioterapia foi o tratamento mais frequente durante a gravidez.
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