O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa que afeta o desenvolvimento neurológico, impactando a interação social, a comunicação e o comportamento. Pesquisadores têm explorado diversas abordagens terapêuticas para mitigar os sintomas do TEA, e um estudo recente investigou o potencial da estimulação cerebral profunda (ECP) no núcleo talâmico central (NTC) como uma intervenção promissora.
A pesquisa, realizada em ratos jovens com características semelhantes ao autismo induzido por ácido valproico, revelou que a ECP no NTC pode melhorar o comportamento social, reduzir a neuroinflamação e restaurar a microestrutura cerebral. Além disso, o estudo demonstrou que a ECP pode reverter a disbiose intestinal, um desequilíbrio na microbiota intestinal frequentemente observado em indivíduos com TEA. A estimulação parece modular o eixo microbiota-intestino-cérebro (MICC), uma via de comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro, influenciando tanto a função cerebral quanto a composição da microbiota.
Os resultados indicaram que a ECP promoveu o aumento da densidade neuronal, da organização e da complexidade microestrutural no cérebro dos ratos, conforme evidenciado por métricas de imagem de curtose de difusão (ICD). Essa melhora neuroestrutural esteve associada à redução da ativação de astrócitos e microglia, células que desempenham um papel importante na neuroinflamação presente no TEA. Adicionalmente, observou-se uma diminuição nos níveis de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina (IL)-1β, IL-6, interferon (IFN)-γ e fator de necrose tumoral (TNF)-α, substâncias que podem aumentar a permeabilidade intestinal e perturbar a composição da microbiota. A ECP também melhorou a função da barreira intestinal, promoveu a proliferação de bactérias benéficas do gênero Bacteroides e melhorou o metabolismo de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), restaurando os níveis normais de acetato e butirato e combatendo a disbiose. A análise da taxa de absorção de energia específica e do efeito térmico demonstrou que a ECP é segura sob ICD, ressaltando a possibilidade de aplicação clínica futura.
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