Reabilitação em Criança com Malformação de Chiari II, Mielomeningocele Lombossacral e Acondroplasia: Um Caso Clínico
A malformação de Chiari II, presente em aproximadamente 1 a cada 1000 nascidos vivos, é uma condição que afeta a parte posterior do cérebro. Quase sempre, está associada à mielomeningocele lombossacral, um defeito no fechamento da coluna vertebral. Adicionalmente, a acondroplasia, a causa mais comum de nanismo, ocorre em cerca de 1 em cada 26.000 nascimentos. Ambas as condições, Chiari II e acondroplasia, podem levar à compressão na junção entre o crânio e a coluna cervical, resultando em hidrocefalia, o acúmulo de líquido no cérebro.
Um estudo de caso acompanhou um menino de três anos com essa combinação rara de condições: malformação de Chiari II, mielomeningocele lombossacral e acondroplasia. O tratamento inicial envolveu cirurgia para corrigir a mielomeningocele e a implantação de uma válvula ventriculoperitoneal para tratar a hidrocefalia. Aos dois anos, foi necessária uma descompressão espinhal devido à estenose occipitoatlantoaxial. A criança apresentou dificuldades respiratórias graves, incluindo apneia expiratória prolongada com cianose, síndrome de hipoventilação central adquirida e apneia do sono central e obstrutiva. Além disso, apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem, paraplegia, bexiga neurogênica e nanismo.
O plano de reabilitação incluiu ventilação não invasiva e dispositivos de assistência personalizados. A insuficiência da tosse foi tratada com um dispositivo de insuflação-exsuflação mecânica. A criança também recebeu acompanhamento regular com fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional. Pouco antes de completar quatro anos, começou a frequentar o jardim de infância. Após um ano de acompanhamento, observou-se uma melhora significativa na linguagem e a apneia expiratória prolongada não foi mais relatada. O caso demonstra que, quando doenças ósseas, cerebrais e da coluna vertebral coexistem com dificuldades respiratórias, uma abordagem interdisciplinar, o uso de tecnologias assistivas e de reabilitação, um ambiente doméstico acessível e a presença de cuidadores treinados podem reduzir o impacto da deficiência e promover a participação social.
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