A habilidade de pegar objetos, aparentemente simples, é fundamental para a interação e exploração do mundo ao nosso redor. Um estudo recente investigou como o cérebro de bebês de 9 e 11 meses e meio processa diferentes tipos de movimentos de preensão, especificamente a preensão palmar (com toda a mão) e a preensão de precisão (com o polegar e o indicador). A pesquisa buscou entender se a percepção desses movimentos está ligada à atenção, ao reconhecimento ou a representações mais complexas da ação.
Os pesquisadores utilizaram potenciais relacionados a eventos (ERPs), uma técnica que mede a atividade elétrica do cérebro em resposta a estímulos, para analisar as reações dos bebês ao observarem vídeos de pessoas pegando objetos. Os bebês assistiram a vídeos de preensões congruentes (o movimento adequado para o objeto) e incongruentes (o movimento inadequado para o objeto). Os resultados mostraram que o cérebro dos bebês respondia de forma diferente aos dois tipos de preensão, indicando que eles conseguiam distinguir entre ações apropriadas e inapropriadas.
Os efeitos da congruência foram observados nos componentes P400 e N400 dos ERPs. O efeito P400, relacionado à atenção, foi mais forte nos bebês mais velhos. Curiosamente, a habilidade do bebê de realizar a preensão de precisão não influenciou significativamente sua resposta cerebral às preensões incongruentes. Isso sugere que o reconhecimento de ações de preensão incongruentes não depende necessariamente da experiência motora do bebê. Os resultados indicam que o cérebro dos bebês diferencia preensões congruentes e incongruentes por meio de múltiplos processos cognitivos, evidenciando a complexidade do desenvolvimento da percepção e ação desde a infância.
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