A nutrição desempenha um papel fundamental no sucesso de cirurgias gastrointestinais. Estudos demonstram que a desnutrição, a sarcopenia (perda de massa muscular) e a obesidade podem impactar negativamente o curso da cirurgia, elevando o risco de complicações pós-operatórias significativas. Entre elas, destacam-se a deiscência anastomótica (vazamento na junção cirúrgica), a necessidade de reoperações, o aumento da mortalidade e morbidade, e a prolongação do tempo de internação hospitalar, gerando custos adicionais para o sistema de saúde.
A perda de peso superior a 10% nos seis meses que antecedem a cirurgia é um indicador prognóstico de mortalidade. A prevalência de desnutrição pré-operatória varia entre 17% e 20%, aumentando o risco de complicações infecciosas, principalmente em casos de doenças malignas. A obesidade, definida por um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², também interfere no quadro clínico, contribuindo para complicações pós-operatórias e mortalidade hospitalar. Portanto, a identificação e o manejo adequados do estado nutricional do paciente são cruciais.
Protocolos de recuperação aprimorada, como o ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), estão se tornando prática padrão, com intervenções nutricionais pré-operatórias desempenhando um papel vital na otimização dos resultados cirúrgicos. Embora não haja um consenso sobre a intervenção dietética pré-operatória ideal, a triagem nutricional pré-operatória é recomendada para todos os indivíduos, independentemente do seu estado nutricional. A American Gastroenterological Association (AGA) propõe a avaliação da desnutrição com base em sinais e sintomas como perda de peso não intencional, edema, perda de gordura e massa muscular, retenção de líquidos e IMC inferior a 18,5 kg/m². Em casos de desnutrição, recomenda-se o uso de suplementação oral, nutrição enteral (NE) ou nutrição parenteral (NP), mesmo que seja necessário adiar a cirurgia. O suporte nutricional perioperatório, portanto, é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir as complicações pós-operatórias.
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