A hipersensibilidade visual, caracterizada por desconforto e aversão a certos estímulos visuais como luzes brilhantes, padrões complexos e movimentos rápidos, tem sido frequentemente associada a diversas áreas da neurodivergência. No entanto, uma pesquisa recente investigou se essa hipersensibilidade representa um fenômeno transdiagnóstico, indicando um mecanismo subjacente comum, ou se as manifestações de desconforto visual variam significativamente entre diferentes condições.
O estudo comparou quatro subtipos de hipersensibilidade visual (sensibilidade ao brilho, padrões, efeitos estroboscópicos e ambientes visuais intensos) em um grupo de mais de 2.500 participantes, abrangendo 11 áreas de neurodivergência, neurologia e saúde mental, incluindo autismo, TDAH, dislexia, dispraxia, fibromialgia, enxaqueca e transtornos alimentares. Os resultados revelaram uma sensibilidade elevada em todos os quatro fatores em todas as áreas investigadas. A sensibilidade a ambientes visuais intensos destacou-se particularmente em indivíduos com autismo, TDAH, dislexia e dispraxia, revelando um padrão compartilhado entre essas condições.
As análises de regressão, que levaram em consideração comorbidades, demonstraram que nove das 11 condições neurológicas/neurodivergentes apresentaram um impacto preditivo único e significativo. As condições mais fortemente associadas foram autismo, fibromialgia, enxaqueca e PPPD (tontura postural-percetiva persistente). Em conclusão, o estudo sugere que os quatro fatores de hipersensibilidade visual são transdiagnósticos e que a ênfase relativa em cada fator forma padrões transdiagnósticos que transcendem as fronteiras disciplinares tradicionais. Isso implica a existência de vulnerabilidades subjacentes comuns no desenvolvimento de sistemas perceptivos, que podem estar ligadas a uma ampla gama de outras sintomatologias, oferecendo novas perspectivas para a compreensão e o tratamento de condições relacionadas à saúde mental e neurológica.
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